A Transpetro recentemente alterou o nome da gerência regional de SMS (Segurança, Saúde e Meio Ambiente) para SS (Segurança e Saúde). Seria apenas coincidência?
Por Bronca do Peão
A semiótica, ciência que estuda os sistemas de comunicação presentes na sociedade, ajuda a entender o impacto das escolhas de nomes e símbolos. Segundo o linguista Ferdinand de Saussure, a relação entre nome e significado é frequentemente arbitrária – um conjunto de sons pode representar uma ideia sem uma razão específica. Shakespeare ilustra isso ao dizer: “Se a rosa tivesse outro nome, ainda teria o mesmo perfume”.
Contudo, há situações em que a escolha de palavras e símbolos é intencional e reflete valores ou ideologias. Um crânio com ossos cruzados, por exemplo, transmite imediatamente a ideia de “perigo”. No universo corporativo, a escolha de cada termo carrega um peso que merece análise, tanto do ponto de vista ético quanto do impacto sobre a imagem e o ambiente de trabalho.
A mudança de SMS para SS na Transpetro levanta essa reflexão. A gerência de SS nos terminais do Planalto e OSBRA, segundo relatos de vários colaboradores insatisfeitos, parece adotar um estilo de gestão cada vez mais autoritário. Há denúncias de profissionais parados em suas carreiras, afastamentos por problemas de saúde mental devido à pressão, e casos de demissões voluntárias de funcionários que preferiram abrir mão de uma carreira estável para preservar o próprio bem-estar. Aqui, a noção de “Segurança” parece estar se confundindo com um tipo de vigilância que compromete a saúde coletiva dos trabalhadores.
Infelizmente, essa cultura de pressão e controle não se restringe à área de SS, mas reflete um problema mais amplo dentro da Transpetro. Desde o período pós-impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff, a empresa preserva gestores que contribuíram para a precarização dos direitos trabalhistas e o sucateamento de processos. As mesmas lideranças que promoveram o desmonte no passado permanecem em posições de poder, reproduzindo métodos de gestão que prejudicam tanto os colaboradores quanto o ambiente organizacional.
Em meio a tudo isso, surge a pergunta: por que o “M” de “Meio Ambiente” foi removido? Essa decisão representa uma mudança nos valores da empresa?