Desde 2014, remuneração média dos trabalhadores próprios caiu 31%, sendo atualmente a menor entre as maiores petroleiras do mundo
Por Guilherme Weimann
Nos últimos anos, a Petrobrás tem acumulado recordes. Entretanto, grande parte deles não merece aplauso ou comemoração – ao menos que você seja um acionista com um número considerável de ações da empresa.
Em 2021, por exemplo, entre as grandes petroleiras mundiais, a Petrobrás obteve a maior margem líquida (23,7%), que é o resultado da divisão do lucro líquido pela receita líquida. Já no primeiro trimestre deste ano, a empresa foi a que mais lucrou (R$ 44,6 bilhões).
Parte considerável desse lucro veio do setor de exploração e produção, que obteve margem líquida – diferença entre o valor de venda do barril e os custos de produção e encargos – de 42% no ano passado.
Outra parcela significativa veio do parque refino, que tem se utilizado desde 2016 do preço de paridade de importação (PPI). Esse cálculo, que vincula os preços dos derivados às variações do mercado internacional, resultou em uma margem operacional de 46%.
Com isso, nos últimos anos, a empresa abandonou sua função social – que é fornecer combustíveis baratos à população brasileira – para priorizar a busca de resultados. Os lucros gerados, entretanto, não têm sido divididos de forma igualitária.
No ano passado, os acionistas abocanharam R$ 101,4 bilhões. No primeiro trimestre deste ano, a petroleira aprovou mais R$ 48,5 bilhões. Vale ressaltar que, atualmente, esse montante é dividido entre investidores estrangeiros (43%), União e BNDESPar (36,8%) e investidores brasileiros (20,2%).
Por outro lado, entre 2014 e 2021, o custo com trabalhadores da Petrobrás caiu 31%. Quando se divide o total de gastos com pessoal pelo número de trabalhadores próprios da empresa, em 2021, chega-se ao valor de US$ 71.809 por ano para cada trabalhador – a menor remuneração média entre as grandes petroleiras do mundo.
A explicação para esse fato está nas perdas acumuladas de 3,8% nas negociações coletivas entre 2016 e 2021 – esse déficit salarial pode aumentar ainda mais, já que a Petrobrás propôs apenas 5% de reajuste, o que equivale a menos da metade da inflação acumulada nos últimos 12 meses. Durante os governos petistas (2003-2015), em contrapartida, houve ganhos acumulados de 35,4%.
Soma-se a isso o fato da Petrobrás também ostentar o título da petroleira que mais diminuiu o número trabalhadores no mundo entre 2013 e 2021, representando uma redução de 47% no seu quadro de funcionários.
Para acessar o estudo completo do Dieese sobre o tema, acesse aqui.