Sete dos oito nomes indicados pelo governo para ocuparem as onze cadeiras do Conselho Administrativo da Petrobrás foram aprovados nesta segunda-feira; insatisfação de minoritários deve gerar renúncia
Por Anapetro
Em Assembleia-Geral Extraordinária (AGE), realizada no fim da tarde desta segunda-feira (12), acionistas da Petrobrás aprovaram a destituição de Roberto Castello Branco da presidência da estatal e a entrada de mais sete nomes indicados pelo governo para comandarem o conselho administrativo da empresa.
Indicado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o general Joaquim Silva e Luna fica mais próximo de assumir o comando da petrolífera. Falta apenas o aval do novo conselho administrativo. No momento, quem ocupa o cargo de CEO interino da empresa é Carlos Alberto de Oliveira, diretor-executivo de Exploração e Produção.
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A Assembleia-Geral Extraordinária durou mais de três horas e foi conturbada por conta das disputas entre os representantes dos investidores privados, que, assim como os indicados pelo governo, são favoráveis à agenda liberal privatista que avançava com a gestão de Castello Branco, alinhado com o ministro da economia, Paulo Guedes.
Tal posicionamento não representa os ideais da Associação Nacional dos Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobrás (Anapetro), que é contrária à privatização e aos processos de desinvestimentos pelos quais a empresa vem passando.
“Esses conselheiros que representam os minoritários, na verdade, são representantes de grandes fundos de investidores, que não têm aproximação com a Anapetro”, comentou o assessor da associação, o economista Henrique Jagër.
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Os conflitos e insatisfações entre os acionistas minoritários provocaram, inclusive, um aviso de renúncia por parte do representante eleito para integrar o novo conselho, o advogado Marcelo Gasparino. Em comunicado, ele decidiu renunciar para convocar uma nova votação porque alega que o resultado da eleição deve ser questionado.
O advogado acredita em uma possível controvérsia envolvendo a demissão do ex-presidente da companhia, Roberto Castello Branco e em “distorções” no processo de recebimento e compilação de votos por problemas no sistema de votação desenvolvido pela B3.
O que muda?
Permanecem no Conselho Administrativo da Petrobrás os representantes de acionistas minoritários Marcelo Mesquita e Rodrigo Pereira e a representante dos trabalhadores, Rosangela Buzanelli.
Ocupam as oito cadeiras restantes: o general Joaquim Silva e Luna, como presidente da companhia, o almirante Eduardo Bacellar Leal, o oficial da reserva da Marinha, Ruy Flacks Schneider, a engenheira elétrica Cynthia Silveira, a administradora Sonia Julia Villalobos, os representantes do setor de petróleo e gás, Murilo Marroquim e Márcio Weber, e, caso desista da renúncia, o representante dos minoritários, Marcelo Gasparino.
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Antes de passar pela aprovação da AGE, as indicações foram discutidas pelo Comitê de Pessoas da Petrobrás, formado pelo antigo Conselho Administrativo, que considerou Márcio Weber inapto para integrar a empresa. “O Comitê orienta, mas o que vale é a Assembleia-Geral, até porque é estranho um conselheiro decidir se outro conselheiro pode assumir ou não”, explicou Mario Dal Zot, presidente da Anapetro.
Segundo ele, a maior parte dos acionistas preza pela maximização de lucros em um curto prazo, diferente do posicionamento da associação, que acompanhará a atuação dos novos conselheiros para garantir não somente a rentabilidade da empresa, mas também o crescimento da companhia com geração de empregos e compromisso social esteja em pauta.
“Se o novo conselho mantiver as estratégias de privatização, será tão ruim quanto o antigo [conselho] para a Anapetro, que conta com a conselheira Rosângela Buzanelli como uma parceira na defesa de uma Petrobrás para o Brasil”, concluiu Dal Zot.