Ato realizado na manhã desta quinta-feira (9) marca o início da jornada da categoria em busca da garantia de direitos no Acordo Coletivo de Trabalho; gestão responde com descaso e boicote
Por Guilherme Weimann
Logo no início da manhã desta quinta-feira (9), cerca de 150 petroleiros da Refinaria de Paulínia (Replan) – a maior da Petrobrás, responsável por cerca de 20% dos derivados produzidos no país – realizaram um ato que marcou o início da mobilização da categoria pela garantia de direitos no Acordo Coletivo de Trabalho (ACT).
O ACT é um conjunto de acordos estabelecidos por meio de negociações entre trabalhadores e empresa. O último acordo foi assinado em setembro de 2020, com validade de dois anos, e garantiu, dentre uma série de direitos, que não houvesse nenhuma demissão durante o período de vigência.
“Estamos aqui hoje para iniciar uma batalha que será longa e difícil, e que dependerá de uma grande união e força da categoria para ser vencida. Até porque, do outro lado, já sentimos o que vem”, afirmou o diretor do Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo (Sindipetro-SP), Arthur Bob Ragusa.
Do outro lado, o da empresa, a resposta tem alternado entre o descaso e o boicote deliberado. Na sexta-feira (3) passada, a Petrobrás cancelou em cima da hora àquela que seria a primeira reunião de negociação com a Federação Única dos Petroleiros (FUP) e a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP).
Já nesta quinta-feira, a gestão da Replan impediu – mais uma vez – os petroleiros de pararem seus carros no estacionamento da unidade. Além disso, acionou a polícia rodoviária – no último ato, realizado na semana passada, diversos trabalhadores foram multados.
“É importante ficar registrado que, hoje, estamos fazendo a última concessão em relação aos carros. E que fique bem claro que será a última. É um absurdo a gestão não permitir que seus próprios trabalhadores estacionem seus carros dentro da refinaria, em uma explícita tentativa de boicotar o direito de livre manifestação”, opinou o diretor do Sindipetro-SP, Gustavo Marsaioli.
Além disso, a mobilização faz parte de um esforço nacional contra os projetos de privatização da Petrobrás – seja de seus ativos, incluindo refinarias, como também da própria holding. Após o anúncio do ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, sobre o pedido de estudo de viabilidade para privatizar a estatal, o presidente da Câmara, Arthur Lira, também tem endossado esse discurso.
“É importante dizer que a mobilização por direitos não está apartada da luta contra a privatização da Petrobrás. Essas duas dimensões estão interrelacionadas. Por isso, também, a reação horizontal da empresa, para tentar boicotar todas as nossas iniciativas”, pontuou Marsaioli.
Mobilização nacional
Diante das ameaças explícitas de privatização da Petrobrás pela base bolsonarista, a FUP e a FNP resgataram a Brigada Petroleira, que atualmente conta com cerca de 20 sindicalistas em Brasília (DF).
Nesta semana, a brigada conversará com deputados sobre os projetos que estão em debate na Câmara dos Deputados, como o PL 3677/2021, que cria a transparência e as regras de composição de preços de derivados de petróleo praticados pela Petrobrás, de autoria do deputado Reginaldo Lopes (PT/MG). A brigada também discutirá com os parlamentares requerimentos de audiências públicas que tratam das privatizações na Petrobrás e da política de preços dos combustíveis.
Na próxima semana, na terça-feira (13), está previsto o julgamento da Greve da PBio e da ação das tabelas de turno na Seção de Dissídio Coletivo do Tribunal Superior do Trabalho (TST). Na quinta-feira (15), a Brigada participará da Audiência Pública na Comissão de Desenvolvimento Regional, Integração Nacional e Amazônia (CINDRA) da Câmara dos Deputados sobre as ilegalidades e impactos da privatização da Refinaria Isaac Sabbá (Reman).