Principais conclusões da pesquisa realizada pelo Dieese foram apresentadas em entrevista coletiva nesta terça-feira (16)
Por Guilherme Weimann
Nesta terça-feira (16), o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) apresentou, em entrevista coletiva transmitida ao vivo pelas redes sociais, os principais resultados de uma extensa pesquisa sobre os impactos econômicos causados pela Operação Lava Jato – iniciada em 2014 e dissolvida em fevereiro deste ano.
A investigação se focalizou entre os anos de 2014 e 2017, que foi o período de maior atuação dos procuradores de Curitiba (PR) e, consequentemente, do número mais elevado de indiciamentos de políticos, pessoas físicas e empresas – sendo a principal delas a Petrobrás.
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“Todo mundo sabe que o mais importante para uma empresa é a sua marca, a sua credibilidade. Ninguém vai comprar ações ou fazer um contrato com uma empresa que está exposta nas capas dos jornais como se tudo o que ela fizesse estivesse envolvido em corrupção. E isso, especialmente, ocorreu com a Petrobrás”, afirmou o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Sérgio Nobre.
O dirigente ainda destacou a condução da companhia pelos governos dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva [2003-2010] e Dilma Rousseff [2011-2016]. “A Petrobrás é uma das empresas mais importantes do mundo e o motor de desenvolvimento do nosso país. O crescimento que nós tivemos durante os governos Lula e Dilma ocorreu pela decisão da Petrobrás de privilegiar a compra de plataformas construídas no Brasil e não em Cingapura”, opinou.
Mas foi justamente essa política de conteúdo local, que estabelecia uma porcentagem mínima de contratação da indústria brasileira para os equipamentos que eram utilizados na fase de exploração e desenvolvimento dos blocos de petróleo, que se viu mais afetada pela operação conduzida pelo ex-juiz Sergio Moro.
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De acordo com o estudo do Dieese, foram 4,4 milhões de empregos perdidos; R$ 172,2 bilhões que deixaram de ser investidos na economia; R$ 85,8 bilhões em prejuízo de massa salarial; R$ 47,4 bilhões que o Estado deixou de receber em impostos; e 3,6% que o Produto Interno Bruto (PIB) deixou de crescer entre 2014 e 2017.
Os setores mais impactados foram os da construção civil, com a perda de um milhão de empregos; comércio por atacado e varejo, com impacto de 802 mil vagas; serviços domésticos, com decréscimo de 270 mil postos de trabalho; transporte, com perda de 246 mil empregos; e alimentação, com déficit de 196 mil vagas.
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“O que nós estamos fazendo nesse estudo é quantificar os impactos, mas é essencial mostrar à população que o litro da gasolina estar custando R$ 6 tem a ver com a Lava Jato. O fato de um botijão de gás na periferia de São Paulo estar chegando próximo de R$ 100 tem tudo a ver com a Lava Jato”, apontou o diretor técnico do Dieese, Fausto Augusto Junior.
A íntegra da pesquisa será publicada em formato de livro, juntamente com artigos de outros pensadores, como a professora de direito internacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Carol Proner.
Efeitos não quantificáveis
Além das consequências que foram possíveis de serem calculadas no estudo, o diretor do Dieese chamou atenção para os efeitos colaterais que foram gerados a partir da Lava Jato. “O que a gente está tentando mensurar neste estudo é tudo aquilo que se pode colocar valor, ou seja, o que é possível quantificar do ponto de vista financeiro. Porque, atualmente, a gente está batendo as 280 mil mortes decorrentes da covid-19. Se estivéssemos em outra conjuntura, metade dessas mortes, no mínimo, poderiam ter sido poupadas. E vidas não têm preço”, ponderou Augusto Junior.
A Lava Jato foi o principal cabo eleitoral do Bolsonaro. Se hoje o Bolsonaro é presidente, a Lava Jato é pai e mãe desse processo.
Nesse sentido, o presidente da CUT chamou a atenção para as interferências na política institucional ocasionadas pela operação. “À pretexto de combater a corrupção, a Lava Jato tinha um claro projeto político e de poder. Ela foi um instrumento de perseguição política, em especial ao presidente Lula, isso ficou evidenciado nas mensagens vazadas. Além disso, a Lava Jato foi o principal cabo eleitoral do Bolsonaro. Se hoje o Bolsonaro é presidente, a Lava Jato é pai e mãe desse processo”, denunciou Nobre.