Bronca do Peão: guindaste tomba na Replan e atinge tubulações de GLP

Os gerentes, mesmo diante de tanta negligência, permanecem de pé… Diferentemente dos guindastes na área

Charge gerada por Inteligência Artificial

Por Bronca do Peão*

Em maio, um guindaste caiu no UTDI – Unidade de Tratamento de Despejos Industriais. A denúncia foi feita pelo sindicato e pela CIPA+A, mas o caso foi tratado como se fosse “apenas um desvio pontual”. Como a máquina despencou sobre tubulações de água e não paralisou a produção, ignoraram o risco para o operador da máquina e qualquer trabalhador que estivesse ali por perto.

Um mês depois, em junho, na Unidade de Destilação, mais uma operação de carga terminou em tragédia: o companheiro Carlos Rodrigo morreu enquanto fazia a manutenção de um permutador. A vida de um trabalhador ceifada e mesmo assim a bandeira não foi baixada a meio mastro, não houve coroa de flores, e nem uma gota de petróleo deixou de ser processada.

Em agosto, outra denúncia da CIPA+A: guindaste usado de forma improvisada para içar pessoas na Transferência e Estocagem. Trabalhadores transportados junto com cargas, sem proteção contra quedas. A gerência? Ficou indignada porque o serviço precisou parar, com medo de atraso no cronograma. Vida humana em segundo plano, cronograma em primeiro.

Na mesma época, a manutenção do tanque de Diesel correu com prioridade máxima, enquanto o TQ-4410 segue operando com o teto rasgado, emitindo gases tóxicos como H₂S. Mais de 20 alarmes soaram na U-1230, mas, como não atrapalha a produção, segue o baile.

Agora, em setembro, o absurdo se repete: um guindaste de grande porte tombou na área de armazenamento de GLP, atingindo as tubulações de gás. Um dos cenários mais críticos de acidente na refinaria. Uma ruptura ali poderia liberar uma nuvem de GLP que, em contato com uma faísca, teria força para atingir até a cidade de Paulínia. Isso nós não podemos permitir.

Além das questões relacionadas aos problemas diretos de SMS, a própria companhia conduziu uma investigação e concluiu a existência de práticas de gestão abusiva e de ofensas. No entanto, em vez de afastar o gestor da função e avaliar seu eventual retorno somente após a conclusão bem-sucedida de um Plano de Desenvolvimento Individual, limitou-se a encaminhá-lo para um curso, mantendo-o no cargo. Ainda assim, a Replan afirma que isso não configura violência no trabalho — um claro desrespeito às normas recém-divulgadas pela própria empresa.

E não é só aqui: em agosto também perdemos um trabalhador da Petrobrás numa operação de movimentação de carga numa plataforma da Coreia. Mais uma vida que se vai pela negligência e pela pressa em manter o lucro a qualquer custo.

Chega de descaso. A vida do trabalhador vale mais do que qualquer produção, qualquer cronograma e qualquer barril de petróleo.

Chega de proteger quem coloca em risco a saúde e a segurança dos trabalhadores. Pois assim como ocorre no congresso, na refinaria também há uma “política de blindagem” para esconder desvios, assédios, incidentes e acidentes para proteger os cargos e garantir promoções para os aliados do “rei” (e até do próprio rei). Não importando se tem gente se machucando na área desde que esteja passando uma imagem de “cuidado com as pessoas”, sai mais bonito na foto falar de segurança do que promover , de fato, uma cultura de segurança. Reforçando uma gestão marcada pela subnotificação.

*Texto escrito por um petroleiro da base que preferiu não se identificar

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