Benzeno volta ao centro do debate em evento da Fundacentro

Participantes defendem que não existe limite seguro para a exposição ao agente cancerígeno 

(Sindipetro Unificado participou de importante atividade sobre exposiçao ao Benzeno/ Foto: Vítor Peruch)

Por Vítor Peruch

O seminário “Benzeno e cancerígenos: avançar na proteção da saúde dos trabalhadores”, realizado nesta sexta-feira, 3 de outubro, no auditório da Fundacentro, em São Paulo, reuniu especialistas, representantes de instituições públicas e sindicatos em uma série de mesas marcadas por intensos debates. O consenso entre os participantes foi de que o benzeno, substância altamente cancerígena, não deve ter limite de exposição permitido.

Para o diretor do Sindipetro Unificado, Rodrigo Zanetti, a discussão reforça a necessidade de colocar a saúde dos trabalhadores acima de qualquer negociação. “Fica claro que o benzeno não pode ter um limite de exposição. É um agente cancerígeno, e nossa prioridade deve ser sempre a proteção da vida e da saúde de quem está na linha de frente”, afirmou.

A engenheira e perita em saúde do trabalho Vanessa Farias, que vem desenvolvendo um amplo trabalho de pesquisa com os trabalhadores da Replan, também estava presente no evento e destacou que a exposição a agentes químicos nocivos ainda é uma realidade subestimada no país. “O evento de hoje é uma iniciativa importante para a gente discutir a exposição dos trabalhadores ao benzeno e a uma série de substâncias, e preparar iniciativas para trabalhar com a prevenção à exposição a esses agentes nocivos, principalmente ao benzeno, que mata, que adoece e está presente em uma série de processos industriais, em especial na cadeia de petróleo do Brasil.”, disse.

O evento da Fundacentro contou com a presença de lideranças sindicais de diversas categorias, além de pesquisadores e técnicos de órgãos de saúde e do Ministério do Trabalho. As mesas abordaram desde os limites de tolerância a agentes cancerígenos até os desafios para implementação de políticas públicas efetivas.

Pela manhã, o evento teve uma mesa de abertura com José Clóvis da Silva, diretor de Pesquisa Aplicada da Fundacentro, Remígio Todeschini, diretor de Conhecimento e Tecnologia da Fundacentro, e o presidente, Pedro Tourinho. Na sequência, foram realizadas as palestras: “VRT para benzeno e demais cancerígenos”, com Arline Sydneia Abel Arcuri, pesquisadora aposentada da Fundacentro; “Agentes químicos do grupo 1 da IARC”, com Patrícia Moura Dias, tecnologista da Fundacentro; e “Amianto: perigos e desafios para a proteção da saúde dos trabalhadores”, com Valéria Ramos Soares Pinto, tecnologista da Fundacentro.

Tatiana Campello, procuradora do Ministério Público do Trabalho, abordou a atuação do órgão frente aos riscos do benzeno e outros agentes cancerígenos, seguida de Ubirani Barros Otero, do INCa, que falou sobre câncer relacionado ao trabalho no Brasil. Alexandre Furtado Scarpelli Ferreira, diretor do Departamento de SST do Ministério do Trabalho e Emprego, apresentou a normatização dos riscos ocupacionais no processo de discussão tripartite, e Remígio Todeschini encerrou a manhã com o tema “Estudo sobre câncer ocupacional no Brasil: reconhecer, prevenir e proteger a saúde dos trabalhadores”.

Para assistir todo o conteúdo exposto no seminário, acesse o link: https://www.youtube.com/live/cxbdGbrnqmo

No período da tarde, foi realizado um amplo debate na mesa “Desafios à implementação de políticas públicas efetivas na proteção da saúde dos trabalhadores no Brasil expostos a benzeno e demais agentes cancerígenos”.

Para assistir ao debate, acesse o link: https://www.youtube.com/live/PNl0u3Sx48U

O diretor do Sindipetro Unificado, Steve Austin, aproveitou para convidar os trabalhadores e trabalhadoras para o Seminário de Exposição ao Benzeno, que será realizado no dia 28 de outubro, na sede do sindicato em Campinas: “Nosso seminário será uma oportunidade para apresentar e aprofundar o debate que a perita Vanessa Farias vem conduzindo sobre a saúde do trabalhador e os riscos da exposição ao benzeno. Além disso, os debates de hoje na Fundacentro reforçam que não existe limite seguro para essa substância, e é nosso papel ampliar essa discussão junto à categoria”.

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