Encontros acontecem desde o início da semana e seguem até a próxima segunda (18)

Nesta quarta-feira (12), o Sindicato Unificado dos Petroleiros de São Paulo (Unificado-SP) promoveu mais uma rodada de assembleias presenciais para ouvir a categoria sobre as propostas que a Petrobrás apresentou para a renovação do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT).
O Unificado, que seguiu todas as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS), como distanciamento, uso de máscara e higienização das mãos, resolveu retirar a conversa do ambiente digital diante da estratégia da empresa em endurecer a negociação.
Nitidamente, a aposta é de que a pandemia de covid-19 seria capaz de fragilizar a unidade e facilitaria a aprovação das pautas, caso as votações fossem virtuais.
Mas na assembleia pela manhã, na entrada do Grupo 1, na porta da Refinaria de Paulínia (Replan), o que se viu foi a participação total de um dos turnos (veja agenda completa abaixo).
O sindicato apontou aos trabalhadores que a companhia quer mudar a relação de financiamento da Assistência Médica de Saúde (AMS) para a proporção 60% (custeio pela empresa) x 40 (trabalhador). Alteração que mexe no tabelamento de preços e pode inviabilizar o plano para muita gente, com casos de até 1.422% de elevação em pleno surto de covid-19.
A Petrobrás ofereceu também a diminuição da hora extra de troca de turno dos atuais 75% (que já representam uma queda de 25% em relação ao ACT anterior) para 50%, inclusive em feriados, escalas de turnos e parada de manutenção. A proposta é pagar apenas dois feriados, 1º de janeiro e 25 de dezembro, e todos os demais seriam excluídos. Além de negociar a extinção do adicional de campo terrestre.
Outro retrocesso é a diminuição do número de liberados para a atividade sindical com um dirigente por sindicato e cinco para a Federação Única dos Petroleiros (FUP), uma nítida ação para enfraquecer a capacidade de mobilização e representação da categoria.
Pauta na mesa
A FUP, que negocia com a direção da empresa, segue cobrando a prorrogação do atual ACT para enquanto a situação de calamidade pública causada pela pandemia durar. Algo que já foi negado por quatro vezes.
Também fazem parte da pauta de reivindicações a prorrogação do novo acordo por dois anos, um regramento justo da AMS e a manutenção do plano gerido por RH, portanto, sem a transformação da assistência em um modelo de fundação, como desejam os gestores da Petrobrás.
O fundo garantidor dos terceirizados, eliminado na última campanha reivindicatória, é outro tema que volta à tona.
No quesito salarial, os petroleiros pedem o IPCA e mais 2% de reajuste referente a perdas dos últimos anos que não foram respostas.
Outros pontos são o aprimoramento de cláusulas de segurança de trabalho e a discussão sobre o regramento do teletrabalho, que a Petrobrás tem se negado a discutir.
Para o diretor do Unificado, Gustavo Marsaioli, a direção da empresa segue numa estratégia de aproveitar o surto para endurecer as negociações, retirar direitos e preparar a maior empresa brasileira para a privatização.
“Acredito que a participação dos trabalhadores do turno na assembleia de hoje deu o recado de que não vão conseguir passar um rolo compressor pela categoria”, apontou.
Bases em debate – Na Refinaria Capuava (Recap), em Mauá, as assembleias presenciais começam na manhã desta quinta-feira (13) e nos terminais, aconteceu um encontro em Guarulhos, também nesta quarta-feira, que definiu pela rejeição da proposta da Petrobrás e prorrogação do acordo.
Confira a agenda das próximas assembleias: https://www.sindipetrosp.org.br/emlinha/2020/em-linha1106.pdf