Resultados confirmam que refino e distribuição dão lucro

Por Alessandra Campos

 

O setor de abastecimento da Petrobrás acumulou, em 2018, lucro líquido de R$ 8,4 bilhões, enquanto a BR Distribuidora, subsidiária da companhia e líder no mercado nacional de distribuição de combustíveis e lubrificantes, lucrou quase R$ 3,2 bilhões, um aumento de 177,4% sobre o ano anterior, segundo dados do Dieese. Os resultados contradizem a declaração do gerente executivo Claudio Costa, que afirmou aos trabalhadores do Edisp, no dia 25 de fevereiro, que “refino e distribuição não dão lucro”.

A frase, que tem sido repetida exaustivamente pelos entreguistas de plantão, nos governos de Michel Temer e, agora, de Jair Bolsonaro, foi dita por Costa na mesma semana em que o presidente da Petrobrás, Roberto Castello Branco, anunciou o lançamento em três meses de um pacote de desinvestimento de refinarias, com a venda de mais da metade da capacidade dessa área, inclusive de unidades na região Sudeste, onde estão localizadas a Recap e a Replan.
Com relação à BR, Castello Branco já havia comentado, no início deste ano, que a atividade de distribuição de combustíveis não é foco da companhia. A subsidiária já estava nos planos de desinvestimento do governo anterior, de Michel Temer. Em dezembro de 2017, a empresa teve seu capital aberto na Bolsa de Valores e a Petrobrás vendeu 28,75% do capital da distribuidora, por meio de IPO (oferta pública inicial, na sigla em inglês), por R$ 5 bilhões.

A operação envolveu cerca de 335 milhões de papeis (28,75%) e cada ação foi comprada pelo mercado por R$ 15. Hoje, essas ações valeriam em torno de R$ 8,2 milhões (R$ 24,48 por ação – cotação do dia 07/03), ou seja, R$ 3,2 milhões a mais do que o preço vendido há pouco mais de um ano, exatamente o mesmo valor do lucro líquido registrado pela empresa em 2017.
Após 14 meses desse lucro anunciado, 28,75% não estão mais no Sistema Petrobrás. São R$ 920 milhões de lucro que, sob o argumento de que “distribuição de combustíveis não dão lucro”, foram entregues a bancos e fundos financiadores de campanhas de políticos, como, por exemplo, o que indicou Cláudio Costa para gerente executivo da estatal.

Entreguismo
Essa conversa fiada de que “refino e distribuição não dão lucro” faz parte da estratégia para ocultar o real propósito desse governo, que é vender a bancos e fundos de investimento, a preço de banana, fatias lucrativas do patrimônio público. “O chamado desinvestimento da Petrobrás nada mais é do que o entreguismo. O investidor já tem de volta todo o dinheiro aplicado na compra dentro de um ano e, a partir daí, é só lucrar. Temos que continuar sendo do poço ao posto, porque toda a cadeia dá lucro”, afirma o diretor do Unificado Júlio Ferreira.

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