Um dos primeiros passos é acabar com a política de bajulação e as punições persecutórias dentro da empresa
Por Albérico Santos Queiroz Filho*
Nos últimos anos, enfrentamos a maior crise nas relações de trabalho da história recente da Petrobrás. As políticas do governo neofascista que antecedeu o governo Lula, além da subtração das conquistas históricas dos trabalhadores, também levou a um verdadeiro atentado contra a liberdade sindical. Diversos trabalhadores e trabalhadoras foram punidos injustamente e tiveram suas punições revertidas na justiça, mas, apesar disso, o gestor assediador segue sem ser incomodado e sequer é notificado da sua arbitrariedade.
De um lado, temos um capataz que pune injustamente, e do outro, uma pessoa que, mesmo agindo de forma coletiva e social, com foco na valorização do trabalhador e da Petrobrás, patrimônio que serve aos interesses da população, acabou punida.
Dificilmente essas punições vieram sozinhas e atreladas a um único fato. Na maioria dos casos, existe junto à perseguição, o assédio, a estagnação profissional, a perda das oportunidades de desenvolvimento e mais uma lista enorme de perversidades silenciosas, mas que foram utilizadas sistematicamente para silenciar a classe trabalhadora.
É preciso reconhecer que as punições na Petrobrás foram usadas com o objetivo de desarticular a mobilização dos trabalhadores que não aceitaram os desmandos de uma gestão absurdamente irresponsável.
Propomos uma Petrobrás diferente, onde os cargos de supervisores passem a ser escolhidos pelos trabalhadores em sistema democrático, transparente, com clareza das atribuições necessárias e mandato com prazo determinado.
Os cargos, que deveriam servir para organizar o trabalho, servem para viabilizar a manutenção de gente que não é capaz de gerir a empresa com o mínimo de humanidade. No final, entregaram um ambiente de trabalho baseado na bajulação e subserviência, pessoas capazes de fraudar documentos e punir injustamente para agradar ao superior hierárquico.
Não é possível dissociar a catástrofe promovida na saúde mental dos nossos companheiros dessa cultura de bajulação para assumir a função, pois, no lugar do compromisso técnico, existe um amor promíscuo e indecente ao cargo.
A realidade que desejamos precisa ainda ser construída, e sabemos que as pessoas que usam a “tabela de consequências” da Petrobrás para punir injustamente não possuem compromisso com a realidade e agem a partir de interesses que divergem dos interesses da Petrobrás.
Quem age dessa forma não pode continuar ocupando cargos de confiança em uma das maiores e mais complexas empresas do país. Por isso, como movimento sindical petroleiro e como trabalhador, exigimos que todo e qualquer gestor que tenha punido trabalhadores injustamente deixe de ocupar os cargos da Petrobras..
Esperamos que a atual gestão da Petrobrás honre seu compromisso histórico e político com as pessoas, assumido desde que o presidente Lula atribuiu a importante missão de devolver essa grande empresa ao povo brasileiro. Valorizar o principal ativo da Petrobrás – suas trabalhadoras e trabalhadores – e afastar das responsabilidades aqueles que tentaram minar esse patrimônio é essencial para o futuro da empresa e de todos os brasileiros.