Artigo: Petrobrás sequestrada pelo mercado

Após o golpe, tentaram converter a maior estatal brasileira num caça-níquel de dividendos, mas petroleiros e petroleiras resistiram e resistem

Os trabalhadores e trabalhadoras não medirão esforços para que a Petrobrás volte a servir o povo brasileiro (Foto: Guilherme Weimann)

Por Albérico Santos de Queiroz Filho*

Desde o golpe contra Dilma Rousseff de 2016, a estatal sofreu diversas alterações que supostamente tinham o objetivo de “melhorar a governança da empresa”. No entanto, foram criadas amarras que favoreciam o mercado, convertendo essa gigante da transformação social em um mero caça-níqueis de dividendos.

A Petrobrás pós-golpe tornou-se um ambiente difícil para trabalhar, a ponto de interromperem a pesquisa de ambiência que media a satisfação dos trabalhadores com a empresa. Por trás disso, o desejo irrestrito dos decisores de maximizar o lucro da companhia para agradar aos acionistas. Essa criatividade, aliada à perversidade, resultou em reduções de “custo” com seres humanos, precarizando as condições de trabalho e afetando a saúde mental dos trabalhadores e trabalhadoras, enquanto os gestores economizavam até no café das unidades.

Embora a busca pelo lucro seja natural para empresas, uma estatal não pode focar exclusivamente na lucratividade. Um exemplo doloroso foi a política de Preços por Paridade de Importação (PPI), que beneficiou mercados privados de petróleo e seus derivados, mas resultou em combustíveis caros e famílias cozinhando com álcool e lenha.

O sequestro da Petrobrás pelo mercado também afetou o setor de fertilizantes. Como investir nesse setor promoveria rentabilidade menor do que investir na extração de petróleo, colocaram a necessidade nacional em segundo plano. Deixaram nossa segurança alimentar nas mãos da iniciativa privada, que fracassou miseravelmente na condução do negócio.

Além disso, durante a crise dos fertilizantes provocada pela guerra no leste europeu, a empresa priorizou o lucro e exportou a produção ao invés de garantir o abastecimento interno.

O grande desafio para o governo é retomar essa empresa para a sociedade e garantir que possa exercer o seu papel no impulsionamento do desenvolvimento sustentável e inclusivo. Senhores do mercado, nós não mediremos esforços para que essa gigante volte a servir o povo brasileiro, nossa luta está só no começo!

*Albérico Santos Queiroz Filho é diretor do Sindipetro Unificado

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