Mobilização na Transpetro de Barueri marcou os 72 anos da estatal com críticas ao modelo de negócios da PBio e protestos contra atrasos salariais e retirada de direitos de terceirizados

Por Vítor Peruch
A Petrobrás completou 72 anos nesta sexta-feira (3) em meio a mobilizações da categoria em diferentes unidades do país. Em Barueri (SP), na Transpetro, o Sindipetro Unificado realizou ato que destacou duas pautas centrais: a defesa da Petrobrás Biocombustível (PBio) e a denúncia de irregularidades cometidas por empresas terceirizadas contratadas no Sistema Petrobrás.
A defesa da PBio ocupou papel de destaque nas falas dos dirigentes. Para Pedro Nascimento, diretor do sindicato, a luta contra a transferência de usinas para a iniciativa privada é decisiva para o futuro da estatal. “Em um momento de retomada, em que a Petrobrás volta a investir e tem a missão de liderar a transição energética justa nesse país, vamos entregar a operação de unidades estratégicas como as usinas de biocombustíveis para a iniciativa privada? É inaceitável e não vamos permitir”, afirmou.
O diretor Rodrigo Araújo reforçou a importância da subsidiária diante da pressão do agronegócio. “A PBio deve ser respeitada. O agronegócio quer expulsar a Petrobrás do setor de biocombustíveis para explorar sozinho esse mercado, mas estamos aqui para lutar contra isso”, disse.
Além da pauta energética, o ato também foi marcado por críticas às empresas terceirizadas que atuam no Sistema Petrobrás e acumulam denúncias de descumprimento de contratos. Steve Austin, diretor do Sindipetro Unificado, citou diversas companhias acusadas de atrasos salariais, redução de direitos e problemas de gestão. “Se não têm capacidade, não deveriam estar aqui. Essas empresas deveriam ter vergonha de, no dia do aniversário da Petrobrás, desrespeitarem os trabalhadores”, declarou.
Austin lembrou ainda que o tema faz parte das negociações do acordo coletivo de trabalho (ACT). “No nosso ACT, uma das pautas centrais é o Fundo Garantidor. A Petrobrás precisa se responsabilizar por cada trabalhador que entrar aqui. Hoje temos empresas dando calote e retirando direitos”, afirmou.
Para os dirigentes, a celebração do aniversário da estatal reforça o sentido de resistência da categoria. “Quando colocamos nossas vozes nas ruas, a gente muda esse país. Só por isso ainda existe Petrobrás e Transpetro. Foi a luta que impediu a destruição dessas empresas”, disse Pedro Nascimento.
O ato contou ainda com apoio do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil e do Imobiliário de Itapevi. O presidente deste sindicato, Adriano Bispo reforçou os problemas de terceirização e demonstrou apoio a luta dos trabalhadores: “Tudo isso está acontecendo hoje, tudo que os trabalhadores e trabalhadoras estão colhendo de conquista, é resultado da luta lá que fizemos antes. E quando se fala nos problemas da terceirização, nós sabemos muito bem o que é isso. Nós sabemos o que é vir uma empresa mal intencionada, querendo apenas se beneficiar em cima da mão de obra dos trabalhadores”, afirmou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil e do Imobiliário de Itapevi.
O ato em Barueri se somou às mobilizações realizadas no Terminal de São Caetano do Sul, na terça-feira (30); na Refinaria de Capuava (Recap), na quarta (1º); e na Refinaria de Paulínia (Replan), na quinta-feira (2). A agenda segue com manifestações em unidades da PBio em Minas Gerais e na Bahia, além de outras bases da estatal em todo o país.