Os 18 tripulantes foram resgatados com vida após o naufrágio do rebocador que presta serviço à estatal em Albacora, na Bacia de Campos (RJ)
Um navio de apoio à exploração de petróleo, denominado MV Carmen, naufragou por volta das 4h55 da última sexta-feira (20), quando realizava atividade de batimetria para a Petrobrás no campo de Albacora, na Bacia de Campos (RJ). Todos os 18 tripulantes que estavam a bordo foram resgatados com vida.
A Marinha notificou a OceanPact Geociências, proprietária do navio, a manter uma embarcação em prontidão, com capacidade de contenção de óleo, no local do naufrágio, para garantir a segurança da navegação e a prevenção da poluição do oceano.
Um inquérito administrativo foi instaurado para apurar as possíveis causas e responsáveis pelo acidente. “A OceanPact Geociências está prestando todo o apoio necessário aos tripulantes e a seus familiares e à disposição para esclarecimentos que se façam necessários às autoridades”, afirmou em nota a empresa.
Já o Sindipetro Norte Fluminense (NF) informou que cobrará da Petrobrás o devido suporte aos trabalhadores resgatados, além de exigir o cumprimento do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), que prevê a participação das entidades sindicais na comissão de investigação de acidentes. “A falta de fiscalização em algumas embarcações contratadas pela Petrobrás, assim como a precarização das equipes de fiscais a bordo, acende um alerta para a necessidade de fortalecimento das equipes de fiscalização in loco”, ressalta o diretor de saúde e segurança do Sindipetro NF, Alexandre Vieira.
Desde 1995, de acordo com levantamento da Federação Única dos Petroleiros, 81,48% das mortes no Sistema Petrobrás foram de terceirizados, contra 18,52% entre os trabalhadores contratados diretamente pela estatal.
Privatização
O acidente com o MV Carmen ocorreu no campo de Albacora, colocado à venda pela direção da Petrobrás no final de setembro deste ano junto com o campo de Albacora Leste. A estatal, atualmente, detém a totalidade das operações de Albacora e 90% de participação em Albacora Leste, ambos localizados em águas ultraprofundas da Bacia de Campos.
Somados, os campos produzem cerca de 70 mil barris de petróleo e 140 metros cúbicos de gás por dia por meio das plataformas P-25, P-31 e P-50. De acordo com o Sindipetro NF, as três unidades empregam aproximadamente 800 mil trabalhadores próprios e 3,2 mil terceirizados, que poderão ser afetados caso a privatização se concretize.
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Com o objetivo de tentar impedir essa venda, o Sindipetro NF ajuizou uma ação popular, no início de outubro, na 1ª Vara da Justiça Federal de Campos dos Goytacazes (RJ), na qual afirma que a estatal “põe em risco o patrimônio público em razão de falta de análise de gestão de crise e de alienação da participação em setores altamente lucrativos”.
Já na última semana, a Petrobrás anunciou o teaser de venda de 50% do Polo Marlim, que abarcam os campos Marlim, Marlim Leste, Marlim Sul e Voador. Juntos, eles ocupam a terceira posição em termos de produção de petróleo no Brasil e a primeira na camada do pós-sal.