Milhares marcham no Rio de Janeiro e comemoram suspensão das demissões na Fafen

Cerca de 15 mil pessoas realizam ato contra demissões e privatização da maior empresa estatal brasileira; grevistas comemoram suspensão das demissões de mil trabalhadores da Fafen-PR

Caravanas de todo o país se somaram ao ato nacional em apoio à greve dos petroleiros (Foto: Luiz Carvalho)

Por Guilherme Weimann e Luiz Carvalho

Concentradas em frente ao Edifício Sede da Petrobrás, no Rio de Janeiro (RJ), milhares de pessoas entoaram na tarde desta terça-feira (18): “O petróleo é nosso, privatizar é um roubo, soberania é a Petrobrás na mão do povo”. Esse foi o clima que esquentou o ato em solidariedade à greve nacional dos petroleiros, que está no seu 18º dia.

Caravanas de todo o país formadas por petroleiros, trabalhadores de outras categorias, estudantes e integrantes de movimentos populares chegaram desde o início da manhã na capital carioca. A partir das 16 horas, cerca de 15 mil pessoas deram início a uma marcha em direção aos Arcos da Lapa.

De acordo com o coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Simão Zanardi, a ação visa denunciar as demissões e o desrespeito ao Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), que prevê a consulta aos sindicatos responsáveis em caso de desligamentos massivos como o que a direção da Petrobrás pretende realizar na Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen-PR). “A greve não é apenas em relação à Fafen. Se o Acordo Coletivo de Trabalho for desrespeito na Fafen, vai ser desrespeitado em todas as outras unidades da Petrobrás. Então defender a Fafen é defender a Petrobrás, e defender a Petrobrás é defender o Brasil”, explica Zanardi.

Participantes defendem que a defesa da Petrobrás é de responsabilidade de toda a população brasileira (Foto: Luiz Carvalho)

Quando a marcha entrava na Avenida Rio Branco, os manifestantes foram informados que em Audiência de Dissídio Coletivo, o Tribunal Regional do Trabalho do Paraná (TRTPR) decidiu suspender as demissões dos trabalhadores da Fafen-PR por 15 dias. Neste período, a Petrobrás se comprometeu a abrir diálogo com os sindicatos.

O dirigente também denuncia a decisão do ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Ives Gandra, que decretou ilegal a greve. “O Ives Gandra responde em duas horas as petições da direção da Petrobrás, mas a FUP protocolou duas petições que o ministro nem respondeu, o que contraria o princípio da isonomia que toda democracia exige”, explica Zanardi.

Também presente no ato, o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, reforçou que a defesa da Petrobrás é uma luta de toda a sociedade brasileira, e não apenas da categoria dos petroleiros. “A mobilização é necessária pra criar uma unidade da esquerda, mas sobretudo pra mostrar uma resistência aos ataques do Bolsonaro. A greve dos petroleiros é um basta, já que está dizendo que a soberania nacional precisa ser respeitada. E por isso ela precisa ter o apoio de toda a sociedade”, opina Boulos.

A liderança sem-teto também afirmou que as frentes Povo Sem Medo e Brasil popular deliberaram apoio irrestrito à paralisação e marcou uma agenda de mobilizações nesta quinta-feira (20) em solidariedade aos petroleiros e em defesa à estatal.

 

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