Por falta de manutenção nos veículos e jornada extenuante para seus motoristas, empresa terceirizada da Usina Termoelétrica da Petrobrás protagoniza acidente com trabalhadores
Por Bronca do Peão*
Na manhã desta terça-feira (28), o que já era esperado aconteceu: o motorista da ALS (empresa terceirizada da Usina Termoelétrica Luís Carlos Prestes (UTE-LCP), exausto pela rotina de trabalho perversa e escrota, envolveu-se em um acidente de trânsito batendo em uma moto. O SAMU foi acionado para prestar socorro às vítimas e o motorista ficou em estado de choque, pois assim como muitos precisa do emprego para sua sobrevivência.
Já denunciamos aqui que a jornada de trabalho imposta pela ALS é abusiva, funciona assim: o motorista deveria trabalhar das 4h da manhã até às 8h da manhã, “folgar” das 8h até às 16h, e realizar a segunda parte da jornada das 16h às 20h. O que é uma mentira absurda, pois o motorista fica de fato disponível para a empresa das 4h da manhã às 20h da noite.
O tempero fica por conta de uma manobra bizarra: se o motorista não tiver demanda que preencha um dos dois períodos de 4h e for chamado para atender a empresa entre 8h e 16h, ele não recebe hora extra, sob a alegação de que não trabalhou as 8h diárias. O regime de exploração conta com constrangimento dos trabalhadores, meses sem ter folga de domingo e disponibilidade irrestrita para atender a empresa.
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Também já denunciamos as péssimas condições de manutenção dos veículos na última reunião de SMS. Um exemplo é o próprio carro envolvido no acidente, que estava com barulho durante a frenagem. A empresa se demonstrou totalmente irresponsável com o serviço que se propõe a prestar, seja pela falta de cuidado com seus funcionários como também pela negligência com seu próprio patrimônio.
É importante frisar que a gestão da Petrobrás é culpada por esse acidente também, principalmente na figura do fiscal de contrato que vem fazendo vista grossa para as denúncias apresentadas desde que a empresa começou a trabalhar na usina. Na última reunião de SMS, ficou acordada a divulgação de um caminho para informar inconformidades com o transporte, o que não aconteceu até o momento.
É preciso deixar claro que o motorista é vítima da empresa, que, em sua sanha de tirar o sangue do trabalhador, ignorou que ele é um ser humano e não uma ferramenta. O medo de ser demitido força o silêncio diante das irresponsabilidades praticada pela ALS. Se houver algum grau de dignidade da gestão da UTE-LCP, essa empresa deveria ser proibida de acessar qualquer unidade da Petrobrás.
O Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo (Sindipetro-SP) está acompanhando a situação e espera que providências contra a ALS sejam tomadas. Também espera que trabalhador seja preservado e acompanhado psicologicamente, isso é o mínimo que após tanta exploração e humilhação promovidas pela ALS.