Feijoada da resistência: petroleiros se reúnem para comemorar 5 anos da greve de 2020

Cerca de 200 pessoas participaram de momento festivo e político na sede de Campinas do Sindipetro Unificado

greve de 2020
A greve de 2020 é considerada uma das três maiores da história da categoria petroleira

Por Guilherme Weimann

Já haviam transcorridos mais de 10 dias de uma greve que ainda não tinha um prazo para terminar, mas já havia sido criminalizada por um Judiciário que se colocava praticamente como uma correia de transmissão da gerência da Petrobrás – esta que, por sua vez, havia sido indicada pelo então presidente da República, Jair Messias Bolsonaro.

Somado a isso, os salários estavam suspensos, as ameaças por meio de mensagens eletrônicas e até cartas físicas ameaçavam os trabalhadores que, apesar de tudo isso, resistiam: “não vamos deixar que privatizem a Petrobrás, não vamos deixar que cortem nossos direitos, não vamos deixar que saqueiem a nossa soberania”, eram as principais palavras de ordem naquele momento.

Apesar de todas as adversidades, os petroleiros de Campinas, da Refinaria de Paulínia (Replan), decidiram se unir para preparar uma feijoada que servisse para distensionar os ânimos e, mais do que isso, dar mais combustíveis para os dias que ainda estavam por vir naquela batalha.

Cinco anos depois, em uma outra conjuntura – com algumas retomadas de direitos, mas com desafios tão ou maiores do que os vividos naquele momento –, os petroleiros decidiram reeditar a Feijoada da Resistência, neste sábado, 15 de fevereiro, como um marco simbólico de uma das maiores greves da história da categoria petroleira.

“Nós tivemos três greves que marcaram não apenas a história dos petroleiros, mas da luta da classe trabalhadora, que é a de 1983, a de 1995 e essa última de 2020. Nós precisamos de eventos como esse para inspirar novas lutas, para inspirar os novos trabalhadores que estão entrando no Sistema Petrobrás. Eles precisam saber que apenas existimos devido a luta”, opina o diretor do Sindipetro Unificado, Steve Austin.

Um dos responsáveis pela preparação da feijoada, que colocou literalmente a mão na massa, foi o petroleiro Rodrigo Marmerola: “A gente conversou pelo WhatsApp, usou a inteligência artificial para calcular os ingredientes, a Néia [funcionária do Sindipetro] foi responsável pelas compras e eu e o Luís começamos a preparação da feijoada na quinta-feira [13 de fevereiro]. Depois de todo esse trabalho, hoje estamos com 110 litros de feijoada para servir a todos”.

Como simbolismo, Marmerola espera que “a categoria participe cada vez mais dos eventos que são realizados no sindicato, porque essa é a casa do trabalhador, porque a gente precisa lutar não apenas pelos nossos direitos, mas pelos direitos de todos os trabalhadores”.

Mensagem parecida é compartilhada pelo petroleiro Gustavo Marsaioli, que na época da greve era coordenador regional do Sindipetro Unificado. “Este ano, que é o ano do filme Ainda Estou Aqui, mostra que ainda estamos aqui. Ainda estamos aqui resistindo. Os desafios não estão terminados, a Petrobrás continua ainda sendo atacada. Tivemos, sim, muitas vitórias, mas ainda temos muitos desafios”, opina.

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