A diretora do Sindipetro Espírito Santo e integrante da Frente de Mulheres Petroleiras, Patrícia de Jesus, fala sobre os desafios para tornar a Petrobrás um ambiente menos machista
Por Vítor Peruch | Edição: Guilherme Weimann
A luta pela equidade de gênero e empoderamento das mulheres vem ganhando visibilidade dentro de um contexto machista da indústria petrolífera. Em um setor tradicionalmente dominado por homens, a Frente de Mulheres Petroleiras da Federação Única dos Petroleiros (FUP) emerge como uma força catalisadora de mudança, desafiando o status quo e promovendo a inclusão.
Nessa entrevista exclusiva, o Sindipetro Unificado conversou com Patrícia de Jesus, diretora do Sindipetro Espírito Santo e integrante do coletivo, para discutir os desafios enfrentados pelas mulheres na Petrobrás e o papel crucial do sindicalismo na ampliação da representatividade feminina no local de trabalho.
Qual é o papel do Coletivo de Mulheres Petroleiras na promoção da equidade de gênero e no empoderamento das petroleiras?
O coletivo de mulheres petroleiras da FUP serve como um aglutinador de trabalhadoras, somos uma fonte de ideias e sentimentos, dentro de uma estrutura altamente machista.
Que tipo de iniciativas o Coletivo de Mulheres Petroleiras tem desenvolvido para combater o machismo e garantir igualdade de oportunidades no ambiente de trabalho?
A ampliação do número de mulheres nas diretorias dos sindicatos e na direção da FUP foi fundamental para avançar nas pautas de direitos das trabalhadoras próprias e prestadoras de serviço nas empresas do Sistema Petrobrás. Nossa luta é contínua e diária. Conquistamos no último ACT a implementação de programas de combate e prevenção às discriminações, assédios sexual e moral e o compromisso da empresa em não praticar diferenciação salarial e de progressão nas carreiras em função de qualquer tipo de discriminação, respeitando a diversidade e a equidade.
Como o coletivo está lidando com questões como assédio sexual e discriminação de gênero dentro da Pretrobrás?
Também foi conquista do Coletivo o retorno da Comissão de Negociação Permanente sobre Diversidade e Combate à Violência no Trabalho, canal de denúncia e acolhimento acessível a toda força de trabalho. Também conquistamos uma cláusula de abono de 10 dias para mulheres vítimas de violência doméstica.
Como o sindicalismo pode contribuir para a ampliação da representatividade e da voz das mulheres no ambiente de trabalho, especialmente dentro da indústria do petróleo, e quais são os desafios enfrentados nesse processo?
Está em andamento na empresa um programa de mentoria feminina, cobramos por mais mulheres nos cargos de gestão, ainda não é o ideal, mas já é um avanço. Mulheres se sentem mais confortáveis em pedir ajuda para mulheres, quando nos vêem nos sindicatos se sentem seguras em participar, questionar, denunciar.
Aumentar o número de trabalhadoras dentro das indústrias é um desafio, visto que os cursos de formação nesta área são pouco atrativos para mulheres.
Quais conselhos você daria para as mulheres que acabaram de passar no concurso e estão chegando na Petrobrás neste momento?
Para as novas empregadas que estão ingressando na empresa, aconselho que se filiem ao sindicato que representa sua base, os direitos e benefícios que vocês têm hoje, todos foram conquistados com muita luta e suor dos sindicatos.