Aposentados e aposentadas da Petrobrás enfrentam PEDs, perdas salariais e descaso, tornando a data mais um dia de luta do que de celebração
[Por Bronca do peão]
O 24 de janeiro é uma data que deveria ser marcada pela alegria e pelo reconhecimento de uma vida dedicada ao trabalho em uma das maiores empresas do Brasil: a Petrobrás. Orgulhamo-nos de ter contribuído para a riqueza da nação, para o desenvolvimento econômico e social da nação brasileira. No entanto, para muitos de nós, aposentados, o sentimento que predomina não é de celebração, mas de profunda tristeza e indignação.
Ao longo de nossas vidas, dedicamos nosso esforço e nossa saúde para fazer da Petrobrás o gigante que ela é hoje. Enfrentamos jornadas extenuantes, desafios complexos e riscos que marcaram nossos corpos e mentes. Ainda assim, entregamos o melhor de nós, certos de que, ao final, seríamos recompensados com uma aposentadoria digna, que nos garantiria tranquilidade financeira e qualidade de vida. Infelizmente, essa promessa foi rompida, e muitos de nós nos vemos em uma situação financeira insustentável.
O peso dos PED´s tem sido uma cruz que carregamos diariamente. Esses planos de equacionamento, impostos de forma desproporcional, corroem os contracheques de milhares de aposentados do fundo de pensão da Petros. O impacto é devastador: as remunerações já insuficientes para cobrir nossas despesas básicas tornam-se ainda menores após os descontos exorbitantes.
Não pedimos favores ou benefícios injustos. O que reivindicamos é o cumprimento de compromissos que nos foram assegurados. Trabalhamos com dedicação e acreditamos que, ao final, nossa aposentadoria seria um reconhecimento justo e digno. Em vez disso, recebemos descaso e uma série de políticas financeiras que comprometem nossa sobrevivência.
Os PEDs são um símbolo da inversão de prioridades. Enquanto a Petrobrás celebra lucros recordes e distribui dividendos milionários a seus acionistas, seus aposentados lutam para sobreviver. Essa situação é um reflexo da desconexão entre a empresa e aqueles que construíram sua história. Por que somos tratados como números em uma planilha, enquanto nossas contribuições ao longo de décadas são esquecidas?
Além da questão financeira, há um impacto profundo em nossa saúde mental e emocional. A constante pressão das dívidas, a insegurança sobre o futuro e a sensação de abandono geram estresse, ansiedade e até depressão. Não é raro ouvirmos relatos de colegas que perderam a vontade de lutar, exaustos diante de tantas dificuldades. E a quem devemos recorrer? À empresa que ajudamos a erguer, mas que agora parece ter nos deixado para trás?
Neste contexto, esta data que deveria ser de celebração se torna um grito de alerta e indignação. Não temos motivos para comemorar enquanto muitos de nós enfrentam essa dura realidade. Reivindicamos a revisão dos PEDs, uma política mais justa para os descontos da AMS e o respeito aos compromissos assumidos com os trabalhadores que dedicaram suas vidas à empresa. Nossa luta não é apenas por nós, mas também por aqueles que virão, para que ninguém mais enfrente essa situação de descaso e desamparo.
A Petrobrás é uma das maiores empresas do mundo, um símbolo do Brasil, e sua força vem de seus trabalhadores e aposentados. É hora de que a empresa honre essa história e agir com responsabilidade, colocando as pessoas acima do lucro. Afinal, não se constroi um futuro sustentável ignorando aqueles que fizeram o passado acontecer.
Neste Dia Nacional das Aposentadas e Aposentados, reafirmamos nossa disposição de lutar por justiça. Enquanto a Petrobrás não reconhecer nossa contribuição e nossos direitos, não há o que comemorar. Seguiremos unidos, levantando nossas vozes e exigindo o que é nosso por direito: dignidade, respeito e uma aposentadoria que faça jus à vida de dedicação que tivemos.