Bronca do Peão: 100bi – 100bife

Para os trabalhadores, “farta” de arroz à salada; para os acionistas, “fartura” de bilhões de reais

As reclamações sobre os serviços de alimentação se arrastam ao longo do anos

Por Bronca do Peão*

Seria cômico, se não fosse trágico. Enquanto a Peroba anuncia aos quatro cantos seu maior lucro da história, R$ 106,6 bilhões, os trabalhadores da Refinaria de Paulínia (Replan) – a maior do país – ficam “100bife” no almoço.

Daí você pode estar se perguntando: mas como isso é possível? A conta fecha justamente quando miramos os dividendos, também recordes, destinados aos acionistas, que totalizaram R$ 100,4 bilhões – quase a metade destinada a especuladores estrangeiros.

A troca de contrato do restaurante da maior refinaria do país tem ocasionado transtornos diários aos funcionários que dependem do seu atendimento. É bem comum e rotineiro o processo de fartura: “farta” arroz, “farta” feijão, “farta” salada (de alface, viu), “farta” mistura, “farta” fruta, “farta” sobremesa e já “fartô” até ovo!!! Ah, e para quem gosta de sushi, o peixe chega vivo!

Leia também: Maior refinaria da Petrobrás serve feijão com pedras para os trabalhadores

Nas Casas de Controles Locais (CCL’s), o almoço chega no horário…da janta! A janta no café, e o café nem vem…

O que não “farta” são as filas intermináveis, os mosquitos, mesas sujas e, até aqui, paciência pro peão enfrentar esse descaso.

Dia desses uma diretora da companhia esteve visitando a Replan. Acho que a gerência a convidou para um almoço no restaurante da Tia do outro lado da pista, ou pediu uma quentinha pelo aplicativo… porque, com certeza, não iriam arriscar um almoço “farto” no restaurante.

Certamente, alguém ganhará um prêmio pela redução dos custos no contrato, pois a política é essa: premiar o gestor que pensa no curto prazo. “Jênios”!

Os acionistas (estes, para os quais não falta nada) aprovaram recentemente um bônus milionário para a atual diretoria: R$ 13,1 milhões para cada um, afinal de contas as políticas estúpidas de sucateamento e dos preços atrelados ao “deus mercado” precisam continuar.

A lógica é a mesma, só que em diferentes escalas – premia-se o “jestor jênio” que corre atrás de metas que não fazem sentido na prática, mas ficam bonitas (às vezes nem isso) na apresentação do PowerPoint.

O prêmio “Boca de Porco” com certeza já tem dono!!!

* Texto enviado por petroleiro que preferiu não se identificar.

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