Após intransigência da Replan, categoria debate próximos passos em relação aos testes

Para testagem da covid-19, gestão da empresa continua irredutível em forçar trabalhadores a se deslocarem à refinaria nos horários de folga com seus veículos particulares

Sindipetro é contrário a nova proposta apresentada pela gestão da refinaria (Foto: Douglas Macedo/Prefeitura de Niterói)

Mesmo após três rodadas de conversas com o Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo (Sindipetro Unificado – SP), a gestão da Refinaria de Paulínia – a maior em capacidade de produção de derivados do Sistema Petrobrás –, continua irredutível em relação ao modelo de testagem do coronavírus implementado de forma unilateral pela empresa.

Desde junho, os trabalhadores são obrigados a se deslocarem à refinaria durante o período de descanso, com seus veículos particulares, para serem testados por meio de um sistema drive thru, duas vezes por mês, até dois dias antes de recomeçarem um novo ciclo de trabalho.

Na última quarta-feira (7), com um dia de atraso do estabelecido em negociação, a gestão da Replan apresentou uma nova proposta de calendário. Os petroleiros seriam testados a cada 15 dias na parte da manhã dos dias de retorno da folga, nos quais a jornada se inicia às 19h30.

Na prática, os trabalhadores continuariam perdendo horas de repouso e tendo que arcar com os custos do transporte até a unidade, que é localizada no quilômetro 130 da Rodovia Zeferino Vaz (SP-332), em Paulínia. 

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Por isso, o Sindipetro não validou o calendário proposto e continua insistindo que os testes sejam realizados em dia de trabalho e com condução da própria empresa. Em duas reuniões virtuais realizadas na última quinta-feira (8), os participantes também rechaçaram o novo molde apresentado.

A direção do Sindipetro Unificado também se mostra contrária aos ônus, como a falta de remuneração pelas horas despendidas e gastos com deslocamento, que estão recaindo sobre a categoria.

A partir dessa somatória de negativas da Replan, os petroleiros discutirão os próximos passos sobre a questão dos testes nas assembleias que serão realizadas na próxima semana, entre os dias 13 e 19 de outubro, nas quais também será votada a melhor opção de tabela de turno de 12 horas. Confira o horário das assembleias no final da matéria

Inconsistência

Atualmente, cerca de 450 petroleiros, de um total de 976, continuam realizando suas atividades presencialmente. Grande parte é formada por profissionais que trabalham nas áreas operacionais da refinaria, conhecidos como trabalhadores do “turno”. Durante a pandemia, eles estão realizando jornadas de 12 horas, para evitar a troca constante de equipes. Com isso, trabalham três dias seguidos, folgam quatro, trabalham novamente três dias e folgam outros cinco. Os testes são feitos dois dias antes do recomeço de cada novo ciclo.

O mecânico da Replan e coordenador regional do Sindipetro Unificado, Gustavo Marsaioli, exalta a necessidade de realização dos testes, mas pondera a inconsistência da maneira como estão sendo implementados. “É preciso deixar muito claro que em nenhum momento o Sindipetro está questionando a rotina de testes, muito pelo contrário. A gente acredita que essa é uma iniciativa essencial que seja mantida. No entanto, atualmente, o trabalhador precisa se deslocar no meio da sua folga, o que fere a própria legislação trabalhista”, afirma.

A testagem realizada pela Replan é do tipo IgM e IgG, mais conhecida como “teste rápido”. Diferentemente do tipo RT-PCR, que identifica a presença do próprio vírus Sars-Cov-2 no organismo, os testes do tipo IgM e IgG conseguem reconhecer a contaminação por covid-19 a partir de anticorpos.

Leia também: Sindipetro aguarda nova proposta da Replan sobre testes de coronavírus

As imunoglobulinas (Ig) são os anticorpos de defesa do organismo humano. O IgM é um tipo de anticorpo e a sua presença indica infecção de covid-19 na fase ativa, ou seja, quando o organismo já foi contaminado recentemente pela doença. Nessa etapa, o infectado é um possível transmissor do vírus. Já o IgG é um anticorpo que aparece em uma fase já avançada da infecção. Nessa etapa, a pessoa já não transmite mais o vírus.

Por isso, de acordo com a Anvisa, os testes rápidos conseguem detectar a presença do vírus no organismo apenas a partir do sétimo dia de infecção, com resultados mais confiáveis do décimo dia em diante, devido à janela imunológica.

Além disso, um estudo concluiu que este tipo de testagem, chamada de imunocromatografia, que analisa a presença de anticorpos a partir do sangue retirado do dedo da pessoa testada, apresenta uma taxa de 34% de falso negativo.

Assembleias na Replan

G5 – 13/10, às 7h

G4 – 14/10, às 19h

G3 – 16/10, às 7h

G1 – 17/10, às 19h

G2 – 19/10, às 7h

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