TCU responsabilizou o ex-presidente da Petrobrás pela compra da refinaria localizada no Texas, nos Estados Unidos
O Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo (Sindipetro-SP) vem a público repudiar a condenação injusta proferida na última quarta-feira (14) pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que responsabilizou o ex-presidente da Petrobrás, o economista e professor José Sérgio Gabrielli [2005-2012], pela compra em 2006 da refinaria de Pasadena, localizada no Texas, nos Estados Unidos.
Em abril de 2014, menos de dois meses após a instauração da CPI da Petrobrás, o Sindipetro-SP se pronunciou pela primeira vez sobre o caso de Pasadena, que classificou como “grande polêmica criada pela mídia” para “confundir a população brasileira” e abrir espaço para a privatização.
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Em fevereiro de 2015, o Sindipetro-SP também realizou uma entrevista exclusiva com Gabrielli, que afirmou haver “uma contabilidade política e não técnica” sobre a compra da refinaria.
Prova do caráter arbitrário e ideológico da decisão é o parecer anterior emitido pelos próprios técnicos e auditores do órgão que haviam se manifestado explicitamente pela exclusão do nome de Gabrielli do processo, que foi condenado “por uma pretensa falta de cumprimento do dever de lealdade para com a Petrobrás”.
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Além da defesa individual de Gabrielli, é importante contextualizar a compra de Pasadena e os interesses por trás de grandes petroleiras e do próprio império norte-americano em criminalizar essa operação.
Um dos motivos apontados pelo TCU para investigar a transação foi o fato do valor pago pela Petrobrás para adquirir 50% da refinaria ser oito vezes superior à quantia desembolsada um ano antes por outra empresa.
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Apesar dos valores poderem ser contestados, fato é que a aquisição de Pasadena se configurava como um negócio altamente estratégico naquele contexto. A maior parte da produção da Petrobrás era de petróleo pesado, que se adequava justamente ao processamento da refinaria. Com isso, a Petrobrás abriu caminho para disputar parte do mercado doméstico de combustíveis norte-americano.
Com certeza, isso não deve ter sido muito bem aceito pela maior potência econômica-militar do mundo. E esse episódio, somado à descoberta do pré-sal em 2008, agudizou ainda mais o descontentamento do governo dos Estados Unidos com a ascensão da Petrobrás e do Brasil como grandes atores no cenário internacional.
Como reação, houve uma intensa prática de espionagem por parte de agências de inteligência dos Estados Unidos, incluindo a ex-presidenta Dilma Rousseff e computadores da Petrobrás, que se tornou pública a partir de vazamentos do Wikileaks e Edward Snowden.
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Como consequência, cada vez mais óbvia com os documentos e conversas disponibilizadas pela Vaza Jato, instaurou-se no Brasil uma perseguição judicial – endossada pela mídia hegemônica – a partir da Operação Lava Jato. Como consequência, foram perdidos 4,4 milhões de empregos e R$ 47 milhões em impostos ao povo brasileiro, de acordo com pesquisa publicada recentemente pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Diante disso, temos absoluta clareza que José Sérgio Gabrielli está sendo condenado por ousar alçar a Petrobrás e o Brasil a um papel de destaque na economia mundial, inclusive se instalando no quintal da potência imperialista que tem sido responsável por forjar guerras ao redor do mundo para se apropriar de reservas de petróleo. Prova cabal desse jogo de interesses foi a venda de Pasadena para a petroleira norte-americana Chevron, em maio de 2019.
Fica nossa solidariedade ao companheiro José Sérgio Gabrielli e a certeza de que a justiça ainda será feita.