Salário de Silva e Luna equivale a mão de obra de 230 trabalhadores

Recebendo quantia que bate os R$260 mil mensais, general Silva e Luna falha na contenção da alta dos preços do gás de cozinha, gasolina e diesel

Salário bruto de oficiais da reserva pode ultrapassar teto do funcionalismo público federal, valor equivalente a R$39,3 mil
Remuneração bruta de oficiais da reserva pode ultrapassar teto do funcionalismo público federal, valor equivalente a R$39,3 mil (Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Por Petróleo dos Brasileiros

Na última sexta-feira (10), artigo publicado na Revista Sociedade Militar, especializada em Forças Armadas, questionou a remuneração de mais de R$ 200 mil do general Joaquim Silva e Luna, atual presidente da Petrobras. A indagação surge em meio à alta nos preços dos combustíveis.

De acordo com o artigo, o salário do oficial equivale ao que é pago pela mão de obra de mais de 230 trabalhadores que recebem um salário mínimo. O texto reproduziu trecho da reportagem do jornal Folha de S.Paulo, segundo o qual militares que atuam no comando de estatais acumulam ganhos mensais que variam entre R$43 mil e R$260 mil – a remuneração mais expressiva é paga ao presidente da Petrobras, que está no topo da hierarquia militar, recebendo, ainda, o salário de General da reserva no valor que chega a R$32,2 mil brutos mensais. 

Luna, que assumiu o cargo de presidência na petroleira em abril deste ano, após uma intervenção direta do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no comando da estatal, foi alvo de críticas entre militares, e publicou um texto, na home page da Petrobrás, justificando sua atuação na gestão da companhia e o alto valor dos combustíveis, deixando de lado qualquer tentativa de explicação a respeito de sua remuneração desmedida.

Leia mais: Saiba quem é Joaquim Silva e Luna, general da reserva indicado ao comando da Petrobrás

Antes de assumir a presidência da Petrobrás, o oficial ocupava a Diretoria-Geral de Itaipu que, sob seu comando, mudou regras de indenização, beneficiando diretores com pagamentos que beiravam R$150 mil. Em 2019, graças ao bônus concedido aos funcionários da hidrelétrica, Luna faturou R$221 mil.

Militares no poder

No governo Bolsonaro, um terço das empresas estatais de controle direto da União estão sob o comando de militares do Exército, Marinha e Aeronáutica. Das 46 companhias públicas, 16, ou 34,8%, são presididas por oficiais das Forças Armadas, a grande maioria da reserva.

De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, em 15 dessas 16 estatais há acúmulos de remunerações, por isso, os rendimentos brutos desses oficiais podem ultrapassar o teto do funcionalismo público federal, de R$39,3 mil – valor equivalente ao salário de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).

Apesar da aparente divergência, uma portaria do Ministério da Economia, autorizada em abril de 2021, permite o acúmulo de remunerações por militares da reserva que ocupam cargos no governo. Se beneficiam da regra o presidente Bolsonaro, o vice, Hamilton Mourão, e ministros militares como Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Walter Braga Netto (Defesa) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria-Geral da Presidência).

Prevaricação da Petrobrás

Segundo a Federação Única dos Petroleiros (FUP), com a venda do patrimônio público e os preços abusivos dos combustíveis, a Petrobrás registrou, no segundo trimestre de 2021, lucro líquido de R$ 42,855 bilhões. Por outro lado, só entre  janeiro a setembro deste ano, o preço da gasolina subiu em 52% nas refinarias e em 39% para o consumidor. 

Para o diretor-executivo do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Estado do Mato Grosso (SindiPetróleo-MT), Nelson Soares, é evidente que o aumento dos preços dos combustíveis ocorre em decorrência da má gestão da estatal.

Enquanto os ganhos variáveis preveem que o general ganhará, em 2021, pelo menos R$260,4 mil brutos por mês, 115 trabalhadores terceirizados da maior refinaria do Sistema Petrobrás, a Refinaria de Paulínia (Replan), estão há mais de 60 dias sem receber.

Terceirizando serviços de apoio ao laboratório, limpeza e manutenção predial, a GM Junger Diamond Company Service Ltda (GM), que ganhou licitação ofertada pela gestão da Replan há pouco mais de dois meses, ainda não realizou os pagamentos aos seus contratados, nem efetuou pagamento do refeitório, transporte e aluguel do veículo responsável por deslocar seus funcionários dentro da refinaria.

 

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