Respeite o Petroleiro: Gestão da Recap afronta decisão dos trabalhadores sobre VA/VR

Apresentação final do GT para os trabalhadores foi marcada por desinformação e assédio

va/vr
Em março, trabalhadores do turno e do HA deliberaram sobre o modelo de alimentação na refinaria

 

Editorial

A atual gestão da Refinaria de Capuava (Recap) iniciou recentemente a apresentação para os trabalhadores do relatório final do “grupo de trabalho constituído para avaliar a viabilidade de implementação da modalidade de alimentação vale refeição/vale alimentação na RECAP”, também conhecido por “GT do VA/VR”. Para surpresa da categoria, a gestão da refinaria aproveita essa apresentação para tentar ensinar aos trabalhadores e trabalhadoras como devem se organizar através do sindicato, o que é inaceitável. A apresentação fez parecer que não foram realizadas assembleias sobre o tema na Recap, um desrespeito à decisão soberana dos trabalhadores. Fica nítido que a decisão final das assembleias, realizadas em março na Recap, difere dos interesses da empresa que, intransigente em relação às deliberações dos trabalhadores, busca a redução de custos enquanto passa a mão na cabeça dos acionistas.

Desde o início das conversas sobre o tema da alimentação na refinaria, o sindicato vem cumprindo seu papel e conduzindo o processo de forma a atender os interesses dos dois regimes de trabalho presentes na Recap: administrativo e de turno. Neste sentido, foram realizadas assembleias distintas sobre o modelo de alimentação, respeitando as diferenças e garantias dos diferentes regimes de trabalho, assunto abordado pelo sindicato na matéria do dia 22 de janeiro 2025:

Na Recap, Unificado convoca Setoriais sobre qualidade da alimentação, VR e VA

Os resultados foram devidamente informados à Recap, em ofícios enviados no dia 14 de março de 2025.

Vale ressaltar que, em resposta ao convite da empresa para que o sindicato participasse do GT do VA/VR, este Unificado solicitou a realização de uma reunião prévia junto à Gerência Geral da Refinaria para tratar do escopo do grupo de trabalho (ofício REG-MA 001-25-03, de 09/01/2025). Porém, somente em 17 de abril a empresa justificou a demora na resposta, sem tratar especificamente do assunto. Nessa data, o GT já transcorria de forma unilateral e as assembleias já haviam sido concluídas.

Desde as primeiras assembleias da PLR, em outubro e novembro de 2024, o sindicato tem conversado sobre o tema com os trabalhadores. Também realizou uma rodada de setoriais nos regimes de turno e de HA para tratar do especificamente do modelo de alimentação na refinaria, além de consultar a categoria sobre o assunto via formulário digital:

Sindipetro Unificado lança pesquisa sobre alimentação na Recap

De forma democrática, construiu um calendário de assembleias no qual a vontade dos distintos regimes foi respeitada.

Além de divulgar algumas inverdades sobre a validade das assembleias, como já tratado acima, durante a apresentação dos resultados do GT do VA/VR a gestão da refinaria praticamente rejeitou todas as sugestões feitas pelos trabalhadores em regime de turno que participaram do GT. Além disso, a gestão da refinaria inferiu que as assembleias na RECAP deveriam ter ocorrido somente após a conclusão dos trabalhos do GT. Além de ser uma clara intromissão no papel do sindicato em determinar o calendário de realização das assembleias junto à categoria, a gestão omitiu o fato de que nem todas as refinarias que aprovaram o modelo de VA/VR para ambos os regimes realizaram um GT previamente. É de conhecimento público que algumas unidades realizaram o GT antes das assembleias, porém outras realizaram após.

Aliás, cabe dizer que o sindicato sempre entendeu, e desde o início comunicou à gestão da refinaria, que só faria sentido o início do GT após a deliberação dos trabalhadores em assembleia sobre o modelo de alimentação pretendido, para que o grupo discutisse soluções e a viabilização para o atendimento do pleito dos empregados, ou seja, na Recap a carroça foi colocada na frente dos bois, o rabo balançou o cachorro, etc.

Muito preocupante o assédio praticado por alguns gestores durante essas apresentações, orientando aos trabalhadores e trabalhadoras a reverem seus posicionamentos, em tom de ameaça, alertando sobre uma possível piora na qualidade do contrato de alimentação. Essa prática relembra o período de perseguição, assédio e drones que vivemos na Petrobrás. Mas o que a gestão se esquece é que esses tempos também foram de muita organização e luta para resistir, para que a nossa Petrobrás continue a existir.

Diante dessa postura desrespeitosa da gestão da refinaria frente à decisão e os interesses dos trabalhadores e trabalhadoras da RECAP, o SINDIPETRO UNIFICADO no dia 27 de julho de 2025 enviou novo ofício à gestão da companhia (REG-MA 107-25-07), criticando essas práticas, reafirmando a decisão soberana e democrática das assembleias e se colocando mais uma vez à disposição para o início das negociações sobre a implantação do VA/VR para os trabalhadores e trabalhadoras do regime administrativo da refinaria.

E para finalizar, companheiros e companheiras, vamos fazer uma reflexão de quem realmente está ao lado do interesse dos trabalhadores e de quem está ao lado do mercado. Não precisamos ir muito longe, basta relembrarmos do processo da última PLR, onde a gestão fez uma proposta para encerrar a campanha, colocou um simulador e não cumpriu o que foi negociado. Ou mesmo a mudança unilateral que a gestão tentou promover no teletrabalho, e a intransigência para negociar. Ou então, a forma como vem tratando as contratações dos nossos companheiros prestadores de serviço, que ferem a dignidade de colegas que são contratadas por empresas que dão calote nos trabalhadores e trabalhadoras, escondendo-se atrás da rubrica das licitações. Ou então a negligência com a vida e a saúde, ao não rever sua política de SMS que vem matando companheiros e companheiras.

Pergunte para você mesmo: nessa discussão sobre VA/VR, será que a gestão da empresa está realmente preocupada com o interesse e o bem-estar dos trabalhadores e trabalhadoras? Fica o alerta: a única resposta possível, caso a refinaria insista em afrontar a vontade dos trabalhadores, é a organização, mobilização e luta. Já provamos neste ano e nos anteriores que somos capazes e temos disposição de fazê-la.

ACT 2025

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