Operar com o efetivo mínimo de trabalhadores na refinaria se tornou um “luxo”; a gestão da unidade vai deixar que essa irresponsabilidade continue acontecendo?

Bronca do Peão*
De modo lento e sem alarde, a Refinaria de Capuava (Recap), localizada em Mauá (SP), vem reduzindo o efetivo mínimo do refino. Em vários casos de lacuna no quadro de hora extra ou atraso da rendição, o operador é “liberado” e até impedido de aguardar a rendição mesmo que se ofereça pra isso. A prática tem sido tão frequente que ter mais de três dias seguidos com o efetivo mínimo se tornou um “luxo”. Somam-se relatos de turnos que operaram com dois operadores a menos, mesmo com ausências no grupo de turno que já se sabiam com vários dias de antecedência.
Coincidentemente, o posto de trabalho em que isso mais tem acontecido é o mesmo que se tentou eliminar nas gestões privatistas com o programa do “O&M” e com a desculpa da “demanda reduzida” na época da pandemia. E, coincidentemente, é o mesmo posto em que nenhum operador novo está sendo treinado para assumir a área. Qual a desculpa para isso agora? Estamos em uma fase de operar com a carga máxima e vários dos gargalos que foram abandonados na gestão anterior estão sendo consertados “com o bonde andando”. Isso está gerando mais trabalho e maior necessidade de acompanhamento e manobras fora de rotina, e não menos!
Apenas como um exemplo, dessas situações que têm sido recorrentes, no início dessa semana o refino do turno B ficou com dois operadores a menos após dois operadores do turno anterior, que estavam esperando por rendição, serem liberados. No fim de semana passado, o turno E ficou com um operador a menos por dois dias seguidos. E em nenhum desses casos houve alguma ausência “surpresa” de um operador do turno.
A nova gerência da Recap vai deixar que essa irresponsabilidade continue acontecendo? Junto a isso, a quantidade de horas extras têm aumentado e a meta de evitar jornadas alongadas e extenuantes tem se transformado em meta de abandonar o efetivo mínimo e a prática histórica de “nunca abandonar o posto” e de que o operador é o “dono da área” em que está trabalhando.
A refinaria deve cobrar a sede para abrir novos concursos e resolver o problema do efetivo no médio prazo. Mas medidas para melhorar a gestão e comunicação das dobras pode e deve começar já!