General sublevado ocupou com tropas a Casa de Governo em La Paz, mas governo e povo conseguiram desarticular intentona golpista; Sindipetro Unificado reafirma defesa da democracia
A longa história de golpes de Estado na Bolívia teve mais um novo capítulo nesta quarta-feira (26), quando militares cercaram a Praça Murillo, na cidade de La Paz e ocuparam a sede de governo que ali se encontra, a mando do ex-comandante do Exército, o general Juan José Zúñiga. Logo após o início do avanço golpista, o presidente boliviano, Luis Arce, denunciou “movimentações irregulares” das Forças Armadas e chamou o povo boliviano e a comunidade internacional em defesa da democracia.
Ameaça de intervenção
O general em questão estava no centro das atenções, após ameaçar publicamente o ex-presidente boliviano Evo Morales na televisão. Zúñiga afirmou que não permitiria que Morales pisasse na Constituição ou desobedecesse o mandato do povo, em retaliação à campanha do ex-presidente para retornar ao cargo que foi retirado em 2019. Por enquanto, Morales está impedido de concorrer à eleição presidencial de 2025, mas existe uma grande polêmica em relação à legitimidade ou não da candidatura.
Após essas declarações, Zúñiga foi demitido do cargo, na terça-feira (25), e esse parece ter sido, segundo as informações disponíveis até o momento, o estopim para a tentativa de intervenção: a retaliação. O ataque ao centro político de La Paz, ocorreu num momento de crise econômica, baixa popularidade do presidente Arce, e profundas divisões internas dentro das forças progressistas. Antigos aliados, hoje adversários, Morales e Arce travam uma forte disputa interna no Movimento ao Socialismo (MAS).
Defesa da democracia
Diferentemente do golpe civil-policial de 2019 contra Evo Morales, que foi consumado e acabou impondo a presidência de Janine Áñez, atualmente presa, a tentativa golpista desta semana foi desarticulada a tempo. Arce enfrentou cara a cara o general golpista no Palácio de Governo, trocou o alto comando militar e chamou o povo às ruas. Algumas horas depois, a praça foi tomada novamente pelo povo em defesa da democracia e o general golpista foi preso.
A reação internacional foi imediata, contundente e unânime. À exceção do presidente argentino, os presidentes latinoamericanos e importantes autoridades mundiais se pronunciaram contra a tentativa golpista e em defesa do governo eleito democraticamente no país.
O Sindipetro Unificado rejeita a intentona golpista e reafirma seu compromisso com a democracia. A coordenadora geral do sindicato, Cibele Vieira, afirma: “Condenamos com toda firmeza a tentativa golpista na Bolívia e reafirmamos nossa defesa intransigente da democracia. Esse tipo de ato demonstra, assim como ocorreu no Brasil em janeiro de 2023, que a democracia não é um jogo que está ganho, e sim uma construção: um desafio diário”.
A coordenadora complementa: “Esperamos que a situação se normalize prontamente e a democracia boliviana saia fortalecida, não daremos nenhum passo atrás”.