Petroleiros realizam paralisações na Replan e na Recap

Ato realizado simultaneamente nas refinarias ressaltou a preocupação petroleira com a contraproposta de ACT realizada pela Petrobrás

Deyvid Bacelar
Coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar esteve presente na paralisação desta sexta-feira (Foto: Vítor Peruch)

Por Vítor Peruch

Na manhã desta sexta-feira (27), trabalhadores e trabalhadoras se reuniram na Refinaria de Paulínia (Replan) e na Refinaria de Capuava (Recap) para realizar paralisações à contraproposta de Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) enviada pela Petrobrás e em luta por um acordo digno.

Nas duas refinarias, o ato contou com a presença massiva dos trabalhadores, que aproveitaram para ressaltar suas reclamações relacionadas ao ACT, como a relação de custeio da Assistência Multidisciplinar de Saúde (AMS), a falta de abordagem dos descontos abusivos e a falha em atender à demanda de alimentação dos trabalhadores nos turnos de 12 horas.

Na Recap, o diretor do Sindipetro Unificado, Tiago Franco, ressaltou a importância da categoria petroleira no processo de resistência e como ela impacta todos os trabalhadores de outros setores: “A necessidade de resistência nesse movimento é fundamental para mudar a lógica de negociação, pois os trabalhadores e trabalhadoras brasileiros estão sofrendo devido a uma relação autoritária que se normalizou”.

Já na Replan, tanto os trabalhadores que se pronunciaram, quanto os diretores do Sindipetro, Jorge Nascimento e Steve Austin, também enfatizaram que não houve progresso substancial na implementação de um programa de mobilidade equitativo e transparente, nem na flexibilização do trabalho remoto presencial. Também persistem as preocupações relacionadas à manutenção contínua do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) e à integração dos funcionários do Tecab, PBio e TermoBahia, que ainda permanecem sem solução.

Com relação à AMS, Jorge Nascimento, diretor do Sindipetro Unificado, apontou que existem complicações e que a categoria deve continuar pressionando por avanços: “Na questão do custeio, precisamos continuar discutindo e pressionando para retomar a proporção de 70×30 e, se necessário, aumentar para 80×20”. Nascimento também alertou os presentes sobre as preocupações com os atendimentos realizados pela AMS: “Recebemos muitas reclamações sobre o atendimento e o credenciamento de profissionais. Precisamos avançar nesse aspecto”.

Jorge Nascimento
O diretor do Sindipetro Unificado, Jorge Nascimento, alertou para as complicações sobre a questão da AMS (Foto: Vítor Peruch)

Outra questão crítica levantada foi a necessidade urgente de aumento de efetivo, conforme mencionado pelo diretor do Sindipetro, Steve Austin, presente no ato realizado na Replan: “Precisamos nos concentrar na questão do afretamento. A Petrobrás precisa investir e contratar no Brasil”.

O coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, também esteve presente na paralisação realizada na Replan e alertou para as questões políticas envolvendo o Acordo Coletivo de Trabalho, ressaltando a importância da união e cobrança dos trabalhadores, movimentos sociais e centrais sindicais: “Cabe a nós pressionar o governo! Este é um governo de ampla coalizão. Uma parte dele vai puxar para a direita, mas quem vai puxar para a esquerda? Somos nós!”.

Em relação ao ACT, Bacelar lembrou que, apesar dos avanços em comparação ao governo Bolsonaro, a luta pela reconquista dos direitos ainda será necessária: “A nossa pauta está travada na mesa de negociação e não avança. Houve avanços em relação ao que tínhamos no governo anterior? Sem dúvida alguma! Ninguém está questionando isso. Só que nos últimos 7 anos, houve uma retirada significativa de direitos em nosso Acordo Coletivo de Trabalho, então temos o direito e o dever de lutar para recuperar esses direitos perdidos!”

As paralisações duraram pouco mais de três horas, não afetaram a produção da empresa e demonstraram uma clara preocupação da classe trabalhadora com o Acordo Coletivo de Trabalho e a contraproposta realizada pela Petrobrás. Em Paulínia, 100% do turno e cerca de 20% dos trabalhadores que estavam presencialmente aderiram à paralisação.

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