Petrobrás importa combustível adulterado para avião e coloca vida e negócios em risco

Denúncias de problemas no produto ocorrem desde o meio do ano passado

Foto: Tania Rego (Agência Brasil)

Por Petróleo dos Brasileiros

A queda de uma aeronave, na zona Norte de São Paulo, no último dia 8, que culminou com a morte do piloto Paulo Pereira, alertou para mais um grave problema que as escolhas estratégicas da direção da Petrobrás têm trazido para o país.

O acidente trouxe à tona a denúncia sobre a qualidade do combustível que a companhia importa desde que a Refinaria Presidente Bernardes, em Cubatão (SP), única no país a produzir a gasolina para aviação, interrompeu a produção para obras no final de 2018.

O processo que deveria ser de manutenção por 15 dias, tornou-se de hibernação, com a unidade completamente paralisada na chamada UGAV (unidade de gasolina de aviação).

Com o início do governo de Michel Temer (PMDB), houve um aumento expressivo na compra de combustíveis importados: enquanto a aquisição de gasolina cresceu 53%, em 2017, a de diesel subiu 63,6%.

Outro dado que chama a atenção é a participação dos Estados Unidos nessas relações comerciais. No fornecimento de diesel, por exemplo, a presença estadunidense passou de 41%, em 2015, para 82% dois anos depois.

Além de optar por exportar petróleo de alta qualidade produzido no pré-sal e importar metade de sua produção diária, a Petrobrás também abriu mão de fornecer o suprimento para aeronaves, que hoje é totalmente fornecido por companhias estrangerias.

O combustível é utilizado para abastecer 12 mil veículos de aviação executiva, que são responsáveis por deslocamentos particulares, mas também para o suporte às lavouras agrícolas no país, que tem a maior frota do mundo destinada a esse tipo de atividade, com 2.115 aviões.

Por conta do acidente e de denúncias apresentadas por pilotos desde junho do ano passado, com vídeos e fotos de peças danificadas nos sistemas de combustível em aeronaves, a Petrobrás resolveu suspender preventivamente o fornecimento da gasolina que era importada do Golfo do México no dia 11, o que afetou os voos em 19 aeroportos.

De acordo com avaliações do Centro de Pesquisa da empresa (Cenpes), foi detectado “um teor de compostos aromáticos diferente dos lotes até então importados, mesmo estando de acordo com os requisitos de qualidade exigidos pela Agência Nacional de Petróleo (ANP).”

Segundo a avaliação, existe a possibilidade de que uma variação da composição química ter causado a corrosão e derretimento de peças do sistema de combustível que afetaram a vedação dos tanques.

A Associação de Pilotos e Proprietários de Aeronaves cobra que a Petrobrás torne públicos os resultados dos testes que tenham sido feitos nos últimos 120 dias e que se retomem os testes com produtos estocados nos principais pontos da cadeia de suprimentos que atende o país.

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que diz ter recebido 67 denúncias até o último dia 13, formaram um grupo para investigar o caso, mas duas perguntas seguem sem resposta: 1) Por que a Petrobrás não se preocupou em retomar a produção de algo estratégico e está desde 2018 sem fornecer o combustíveis para aeronaves e 2) Se são feitos testes para verificar a qualidade do produto que chega ao país, como afirmou a empresa por que a alteração só foi detectada após as denúncias?

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