Na semana em que a Petrobrás completa 63 anos vida, o Congresso Nacional lhe presenteou com uma punhalada nas costas, aprovando o Projeto de Lei 4567/16, que retira da empresa a exclusividade da operação do pré-sal. Não foi só a empresa a ser traída por entreguistas. Enquanto a população assistia a novela, alienada do que ocorria em Brasília, 292 deputados decretavam que o país (você e todos os brasileiros) deveria pagar com petróleo o preço do golpe.
Ninguém com o mínimo discernimento acredita que tal projeto – gestado por Serra e parido por traíras – tenha como foco salvar a Petrobrás ou tornar o Brasil um país mais soberano. Pelo contrário, o sentimento de que somos colônia de multinacionais volta com toda a força.
Por saberem disso, parlamentares votaram sem alarde o PL 4567/16, assim como a cada dia vão aprovando medidas que fazem o país retroceder e ficar mais dependente, mais injusto. Homens brancos que tomaram o poder pelo golpe do judiciário, entregam o país a corporações estrangeiras comandadas por outros homens brancos de largas nádegas.
A urgência com que o Senado e a Câmara votaram um projeto de tal magnitude tem explicação na pressa dos Estados Unidos de promover a exploração do pré-sal brasileiro a baixos custos, na medida em que especialistas de todo mundo apontam o declínio das reservas norte-americanas a partir de 2020. Entregar a operação da exploração do pré-sal para empresas estrangeiras atinge o objetivo dos EUA. Com alguns anos de atraso, José Serra cumpre seu compromisso com seus patrões do norte (em 2009 ele se comprometeu com a Chevron acabar com a lei de partilha).
Nesse quebra cabeça fica mais fácil entender porque as manifestações contra o governo Dilma se aceleraram exponencialmente três meses após o vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, visitar o Brasil, solicitar para a então presidente flexibilizar a lei de partilha e ouvir como resposta um educado e firme “no”.
Resistir O movimento sindical petroleiro, estudantes e movimento popular estiveram diuturnamente em Brasília nas últimas semanas, conseguiram retardar a votação, mas a atual composição conservadora do Congresso não dava qualquer esperança de vitória popular.Esse foi a único, nem a primeiro, nem será o último retrocesso que vamos assistir vindo desse Congresso. O caminho para tentar evitar que aquilo que se construiu de cidadania e direitos não seja jogado na lata do lixo é a resistência e mobilização popular, continuando nas ruas exigindo o que foi conquistado.

Construir a greve
Os petroleiros/as já sentem os efeitos da política do governo golpista e seus parentes privatistas; a cada semana uma fatia da Petrobrás é entregue. A próxima vítima será a Usina de biodisel no Ceará, que será fechada, segundo informou a empresa. Os campos de Baúna e Tartaruga Verde, nas bacias de Santos e de Campos, estão sendo negociados com a Karoon Gas Australia. Simples assim, vai fatiando e vendendo até nada sobrar.
Para impedir esse desmanche, os petroleiros/as terão de cruzar os braços, alertar a população e, mais uma vez, cumprir seu papel à frente da luta como já tantas vezes ocorreu nesses 63 anos de vida. A história da Petrobrás se confunde com a do Brasil, a história da categoria se confunde com a da empresa. Uma luta árdua nos espera.