Por Felipe Grubba*
No último dia 12 de junho, a Transpetro comemorou 22 anos. O aniversário acontece em meio à crise do novo coronavírus, maior pandemia do último século, e sob a gestão de um governo com forte caráter privatista, autoritário e persecutório à classe trabalhadora.
A Transpetro, subsidiária integral da Petrobrás, foi fundada no governo neoliberal de Fernando Henrique Cardoso, a partir do Departamento de Transporte da Petrobrás e da Frota Nacional de Petroleiros. O intuito da sua criação era facilitar o processo de privatização, fatiando a empresa e rebaixando os direitos dos seus trabalhadores em relação à Petrobrás.
Essa trajetória começa a mudar com a eleição de um governo democrático, popular e favorável à soberania nacional, encabeçado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, posteriormente, continuado pela ex-presidenta Dilma Rousseff. Nesse intervalo, a Transpetro realizou diversos concursos para todos os setores e, paulatinamente, equiparou os direitos dos seus trabalhadores aos da Petrobrás.
Além disso, houve forte investimento na ampliação da malha de dutos, que buscava interligar o abastecimento nacional, bem como na renovação da frota de navios petroleiros a partir dos estaleiros brasileiros. Esses investimentos alçaram a Transpetro a um patamar de destaque na área de logística de petróleo e gás.
Esse período de fortalecimento do sistema Petrobrás, entretanto, sofreu um revés a partir dos ataques da Lava Jato – megaoperação do judiciário brasileiro deflagrada com a explícita intenção de destruir a estatal em favorecimento das multinacionais do petróleo. As intenções dessa operação se tornaram mais evidentes após a execução do golpe contra a ex-presidenta Dilma, que interrompeu um projeto democrático e popular, no qual o Estado brasileiro esteve à serviço do povo e não do capital internacional.
Com o golpe de 2016, a política neoliberal ganha força novamente e, com isso, as estatais voltam a conviver com o risco da privatização. Contudo, esse projeto de destruição do Estado nacional se escancara de vez com a eleição de Jair Bolsonaro (sem partido), pautada em uma agenda ultraliberal, conservadora e inimiga dos trabalhadores.
Com isso, verifica-se a evolução acelerada da venda de quase todo o sistema Petrobrás e o prenúncio de transformar a maior estatal brasileira em uma pequena empresa de petróleo. Esse movimento atinge frontalmente a estratégia que vinha sendo adotada até o golpe de 2016, que era a de consolidar a companhia em uma gigante integrada da energia, com presença do poço ao poste e ao posto. Todos esses ataques, evidentemente, colocam em risco a sobrevivência da Transpetro.
Contraditoriamente, a pandemia da Covid-19, que aflige o Brasil desde fevereiro, retardou o processo de privatização, mas não interrompeu o interesse do atual governo de entregar o patrimônio público ao capital privado internacional.
Neste ano, quando a Transpetro comemora 22 anos, os trabalhadores não terão tempo para comemorar, pois os ataques são diários e em breve devemos enfrentar uma importante batalha que será o nosso Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) e a sua manutenção de forma integrada entre a holding e suas subsidiárias.
Os trabalhadores da Transpetro precisam estar cada vez mais unidos nas lutas de toda a categoria petroleira, pois enquanto perdurar governos neoliberais, nós, trabalhadores da Transpetro, estaremos correndo o risco de presenciar nossos direitos coletivos serem dilacerados, bem como o de perdermos nossos empregos.
Por tudo isso, apenas a unidade da categoria petroleira nas lutas poderá nos salvar desse processo de destruição do Sistema Petrobrás e do Estado nacional. Como aponta Gonzaguinha, “eu acredito é na rapaziada, que segue em frente e segura o rojão”.
*Felipe Grubba é assistente administrativo da Transpetro e diretor do Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo (Sindipetro Unificado – SP).