Greve sanitária na Repar chega ao terceiro dia e Petrobrás que suspender teletrabalho

Expectativa é que novo presidente da empresa suspenda atividades remotas

Petroleiros da Repar cobram da Petrobrás responsabilidade durante a pandemia (Foto: Arte CUT)

Com informações do Sindipetro-PR/SC e FUP

Os petroleiros da refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar) iniciaram uma greve sanitária nessa segunda-feira (12) após a direção da Petrobrás se negar a suspender a parada de manutenção em plena pandemia de Covid-19.

Caso seja mantido, o procedimento incluirá mais dois mil trabalhadores à rotina da refinaria nos próximos dois meses e fará com que a unidade funcione com um efetivo bem próximo daquele utilizado em períodos sem restrições.

Para piorar, o novo presidente da empresa, general Joaquim Silva e Luna, aprovado pela Assembleia-Geral Extraordinária de acionais da companhia realizada nessa segunda-feira, já acenou com a antecipação do fim do teletrabalho, que deveria prosseguir até junho, com a perspectiva de ser estendido até dezembro.

A postura vai ao encontro das orientações do presidente Jair Bolsonaro, que é um crítico ao isolamento social recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelas principais autoridades científicas do mundo.

A Repar tem 750 trabalhadores próprios e, atualmente, 300 estão em regime de teletrabalho. Há outros 800 terceirizados, o que totaliza um grupo de 1.250 pessoas na unidade.

Para o coordenador geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, nada justifica a continuidade da parada de manutenção no ápice dos contágios por coronavírus no Brasil.

“O país está em um período crítico da pandemia, com o sistema de saúde colapsado em praticamente todo o país. Já estamos registrando mais de quatro mil mortes diariamente por causa da incompetência do governo federal em proteger a população e fornecer vacinas. Mesmo assim, a gestão da Petrobrás insiste em manter essas paradas de manutenção, que duplicam ou até triplicam a quantidade de pessoas nas refinarias”, apontou, lembrando que o problema também atingiu as refinarias Landulpho Alves (RLAM, na Bahia), Gabriel Passos (Regap, em Minas Gerais) e Duque de Caxias (Reduc, no Rio de Janeiro).

Segundo o presidente do Sindicato dos Petroleiros de Paraná e Santa Catarina (Sindipetro-PR/ SC), Alexandro Guilher Jorge, o início do movimento demonstrou unidade da categoria.

“Muitos trabalhadores entenderam a gravidade do problema e seguiram a recomendação do sindicato de ficar em casa, pelo bem das suas saúdes e dos seus familiares”, apontou.

Perseguição

Em retaliação ao movimento grevista, a Petrobrás ameaçou os grevistas com suspensão de férias marcadas e o adiamento do pagamento.

Segundo informações do Sindipetro-PR/SC, já foram registradas três mortes de trabalhadores terceirizados na Repar por Covid-19 e a administração da empresa não comunicou o fato aos demais empregados.

De acordo com o último boletim de monitoramento da Covid-19 (n° 51) do Ministério de Minas e Energia (MME), divulgado no dia 5 de abril, a Petrobrás já registrou 20 mortes de trabalhadores próprios pela doença. Mas, segundo as informações recebidas pela FUP e seus sindicatos, esse número é pelo menos três vezes maior, com 60 mortos.

Durante o movimento, o Sindicato realizará reuniões virtuais diárias pela plataforma Zoom, sempre às 16h00, com todos os trabalhadores da Repar para avaliação da greve e definição das próximas ações. Para participar, será necessária inscrição prévia através do número (41) 98805-2367 (Liliane – Whatsapp ou ligação).

Os dados requisitados são nome completo, número de matrícula, unidade, setor, se está no regime administrativo ou de turno e qual o grupo.

Posts relacionados

Petrobrás abre inscrições para cursos gratuitos de qualificação profissional

Vitor Peruch

Petroleiras da FUP se reunem com diretora Clarice para tratar sobre retorno do Edisp

Maguila Espinosa

CD da FUP reafirma luta pela isonomia e indica rejeição da contraproposta de PLR

Maguila Espinosa