O Fórum Social Mundial, evento que reuniu, em Salbador (BA), mais de 50 mil pessoas de 120 países, abriu espaço, no dia 14, para o debate “O petróleo como fonte indutora do desenvolvimento regional”, organizado pelo Sindipetro-BA e FUP.
A pesquisadora Caroline Vilain, do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis Zé Eduardo Dutra (INEEP), falou sobre o panorama cronológico da importância do setor de óleo e gás para os municípios do norte do Espírito Santo e estados do nordeste e norte.
Segundo ela, a Petrobrás teve um papel preponderante no desenvolvimento dessas regiões, principalmente ao longo dos anos 2000, com investimentos que foram fundamentais para o crescimento do PIB e dos indicadores sociais de municípios historicamente castigados pela pobreza. “Hoje, assistimos a um movimento inverso, com a Petrobrás abandonando seu papel desenvolvimentista, cortando investimentos e vendendo ativos cruciais para as economias dos municípios do nordeste”, destacou.
O diretor do Unificado, Alexandre Castilho, que compôs a mesa, lembrou que a Petrobrás está sendo gerida como se fosse uma empresa privada, “a serviço de um plano de governo que não foi referendado pelo povo nas eleições”.
Em sua intervenção, o coordenador-geral da FUP, José Maria Rangel, leu um trecho do histórico discurso que o presidente João Goulart fez há 54 anos, na Central do Brasil, no Rio de Janeiro, pouco antes de sofrer o golpe miliar: “A democracia que eles desejam impingir-nos é a democracia antipovo, do antissindicato, da antirreforma, ou seja, aquela que melhor atende aos interesses dos grupos a que eles servem ou representam. A democracia que eles querem é a democracia para liquidar com a Petrobrás; é a democracia dos monopólios privados, nacionais e internacionais”.
José Maria ressaltou a similaridade entre os fatos do passado e do presente. “Não podemos esquecer o objetivo do impeachment e que esse golpe de hoje, assim como no passado, tem a digital da mídia, que, historicamente, sempre defendeu os interesses das elites brasileiras. “A saída que temos é pela esquerda, é um levante do povo brasileiro, é não permitir que Lula seja preso e retomar um projeto de nação em que quem esteja no centro do poder volte a ser o povo brasileiro”, destacou. Ele fez um paralelo entre o desmonte dos ativos da empresa no nordeste e o sucateamento do refino, reiterando que fazem parte da mesma estratégia de privatização que Pedro Parente vem colocando em prática.
Por fim, o diretor do Sindipetro-BA, Radiovaldo Costa, denunciou os impactos do desmonte da Petrobrás na Bahia, onde a empresa é responsável por um quarto da arrecadação de ICMS. “Há seis anos, tínhamos 45 sondas de produção e 14 sondas de perfuração, o que representou a geração de 4 mil empregos. Hoje, com o entreguismo de Parente, temos 19 sondas e perdemos mais da metade dos postos de trabalho”, revelou.
Fonte: FUP