Curta produzido pela FUP e pela Anapetro mostra como a política de preços que o governo federal impõe à Petrobrás levou o Brasil a ter combustíveis que figuram entre os mais caros do mundo
Da comunicação da FUP
Ao abastecer o tanque do carro com 35 litros de gasolina, o brasileiro já compromete 25% do salário mínimo, enquanto em países como Estados Unidos, Itália e Argentina, esse percentual fica entre 3% e 6,2%. Essa é uma das informações que constam no documentário “A mentira como combustível. A verdade sobre a Petrobrás”, lançado esta semana nas redes sociais da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e da Associação Nacional dos Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobrás (Anapetro).
O objetivo é explicar aos brasileiros, de maneira didática, o real motivo dos sucessivos reajustes dos preços dos combustíveis. Atualmente, o litro da gasolina ultrapassa R$ 7 e o botijão de gás de 13 litros chega a R$ 140, em alguns estados.
“A gestão atual da Petrobrás serve hoje ao mercado financeiro. E o mercado financeiro não ouve o choro da criança com fome, não ouve a dona de casa que não tem dinheiro para comprar o seu botijão de gás e se queima ao usar a lenha para cozinhar”, comenta o coordenador geral da FUP, Deyvid Bacelar, um dos participantes do documentário, que tem cerca de 20 minutos de duração e está disponível no canal do Youtube da FUP e da Anapetro.
O presidente da Anapetro, Mário Dal Zot, destaca no vídeo que esse governo tem feito tudo ao contrário de qualquer outra empresa petrolífera no mundo. “As empresas estrangeiras estão de olho não só no petróleo da Petrobrás, mas também em sua tecnologia”, diz ele. Dal Zot fala também sobre o Preço de Paridade de Importação (PPI), que foi adotado pela Petrobrás em 2016 e atrela os preços dos combustíveis ao dólar e ao preço do barril, sem levar em conta os custos nacionais de produção. “Os principais produtores de petróleo e derivados do mundo não adotam esta política de preços, que só se justificaria se fosse em um país que não produz petróleo”, afirma Dal Zot.
A gestão da Petrobrás alega que tem de importar parte do diesel e do gás de cozinha consumidos no país. Entretanto, ela não explica por que não utiliza suas refinarias em sua capacidade máxima de produção. O fator de utilização dessas plantas tem ficado em torno de 75%. E isso abre caminho para os importadores – que pressionam sempre por mais e mais aumentos, alegando “competição”. Assim, ganham os importadores, perde a população brasileira.
A atual política de preços dos derivados é perversa e atinge diretamente o bolso de brasileiros como o motorista de caminhão Balbino Soares, um dos personagens do documentário. “Está difícil, porque está tudo caro, né? O frete aumentou demais, devido ao aumento do petróleo. Eu trabalhava todo dia, sempre tinha serviço. Na semana passada eu passei a semana toda ‘colado’, não fiz um frete”, lamentou ele.
Os reajustes também prejudicaram quem trabalha como motorista de aplicativos, que não consegue mais sustentar as despesas do automóvel. É o caso de Francisca Pereira, que há três anos fazia as suas corridas com um veículo alugado. “Eu conseguia pagar o aluguel do carro, conseguia manter o carro com combustível e com todas as manutenções e tirava uma grana razoavelmente boa. Hoje, não”, lamenta ela.
O documentário também tem a participação de Paulo César Ribeiro Lima, doutor em engenharia pela Universidade de Cranfield, na Inglaterra. No vídeo, ele salienta que “as pessoas não sabem, mas o pré-sal tem os campos mais produtivos do mundo – mais produtivo que a Arábia Saudita. A Petrobrás tem os melhores reservatórios do mundo, mas o povo não se beneficia. O único povo do mundo que mora em um país exportador de petróleo que não se beneficia desta riqueza é o brasileiro”.