Bronca do Peão: Telsan, a boca de porco do ano  

Após atrasar salários durante todo o ano de 2024, a Telsan encerra o ano deixando os trabalhadores sem o pagamento de dezembro e do décimo terceiro

Por Bronca do Peão

Após um ano inteiro de atrasos nos salários, a Telsan fecha 2024 da pior forma possível: sem pagar o salário de dezembro e o décimo terceiro. Somos trabalhadores e trabalhadoras que dedicam suas vidas para garantir o ampliamento da Refinaria de Paulínia (Replan), e, em troca, recebemos descaso e desrespeito.

O que torna essa situação ainda mais revoltante é o discurso vazio que a empresa apresenta em seu site. Segundo eles, a Telsan “tem o orgulho de ter como missão principal a prestação de serviços diferenciados, visando à satisfação plena de seus clientes”. Satisfação plena? Só se for dos clientes, porque, para os trabalhadores, o que recebemos ao longo de 2024 foi um festival de atrasos, incertezas e frustrações.

Além disso, a empresa destaca que seus funcionários “possuem vasta experiência em estudos, projetos, supervisão e gerenciamento de empreendimentos, tanto no Brasil como no exterior.” Pois bem, essa vasta experiência parece não incluir o básico: honrar compromissos com quem faz a Telsan funcionar diariamente. De que adianta realizar projetos grandiosos se a base da empresa – seus trabalhadores – está sendo negligenciada?

A empresa também afirma atuar “de forma eficiente, com transparência e segurança em vários setores do mercado”. Eficiente onde? Transparente como? Segurança para quem? Certamente não para os trabalhadores, que foram deixados sem salários e sem explicações claras sobre quando ou se esses pagamentos serão realizados. A Telsan pode até operar em áreas como energia e meio ambiente, mas, internamente, falha miseravelmente em cumprir o básico da relação de trabalho: pagar em dia.

E o trecho sobre “compliance”? É quase uma piada de mau gosto. Eles dizem: “Trabalhar harmoniosamente com colaboradores, clientes, comunidade e demais partes interessadas, com responsabilidade social”. Que harmonia é essa que deixa trabalhadores e trabalhadoras sem salário e sem décimo terceiro no fim do ano? Onde está a tal responsabilidade social quando famílias inteiras estão entrando em 2025 com contas atrasadas e sem perspectiva?

O discurso no site da Telsan parece feito para um mundo paralelo, onde os trabalhadores são valorizados e a empresa age com ética e compromisso. No mundo real, porém, a situação é bem diferente: somos tratados com descaso, recebemos desculpas vazias e enfrentamos meses de incerteza financeira.

A Petrobrás, por sua vez, também precisa assumir sua responsabilidade. Como ela permite que uma de suas contratadas aja dessa forma? É inaceitável que uma empresa como a Petrobrás, que tanto se orgulha de sua relevância no país, feche os olhos para o desrespeito que acontece debaixo do seu nariz.

Aos colegas trabalhadores, fica o chamado: não podemos aceitar essa situação. Precisamos nos organizar, denunciar e pressionar a Telsan. Não somos peças descartáveis. Somos a força que move essa indústria e não vamos tolerar ser tratados como invisíveis.

Telsan, pague o que nos deve. Cumprir com suas obrigações não é favor, é dever. E a Petrobrás, mostre que realmente valoriza quem trabalha em sua cadeia de produção. O descaso com os trabalhadores precisa acabar.

* O texto foi enviado por petroleiro da base que preferiu não se identificar.

 

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