Bronca do peão: as contradições da gestão da Transpetro

Enquanto negligencia efetivo e trabalhadores terceirizados, alta liderança da Transpetro apela para trabalhadores precarizados como contingência durante greve

Na hora do aperto, chama a contingência, né?!

Bronca do Peão*

Imagine um terminal da Transpetro à noite, funcionando com só dois operadores. Um deles fica na mesa de controle, e o outro sai rumo à área de operação. Qualquer situação de emergência tem que ser resolvida nesse contexto. Essa é a realidade atual da subsidiária, que opera com esse efetivo aos finais de semana e a noite, em todas as bases do Sindipetro Unificado.

Essa pauta tem sido levantada permanentemente pelo sindicato, que luta pela recomposição do efetivo. A gestão da Transpetro não tem respondido essa demanda, nem dado soluções para essa problemática. Porém, sua atitude demonstra que trabalha sabendo dos riscos de acidente, e consciente de que falta pessoal na subsidiária.

Durante a greve de advertência de 24 horas, realizada pela categoria petroleira no último dia 26 de março, a empresa chamou efetivo para contingência para cobrir a greve. Essa atitude fala por si só, e evidencia a pertinência da pauta reivindicada pela categoria, que tinha como um dos seus pontos o tema do efetivo e a melhora da situação dos prestadores de serviço.

Lembra quando precisa

A dura realidade dos trabalhadores terceirizados no Sistema Petrobrás não é nenhuma novidade. Na passagem de 2024 para 2025, ocorreram protestos contra atrasos salariais e benefícios, como vale alimentação. Terceirizados de diversas empresas ficaram sem receber no meio das festas do final do ano. Ninguém da alta gestão ligou para os trabalhadores para saber como estava a situação, se estavam conseguindo comprar comida para dividir o Natal com a família. Ironicamente, durante a greve, a gestão chamou para acessar os terminais às 5 da manhã, esses mesmos prestadores de serviço como contingência, para tentar evitar os impactos da mobilização.

Vemos então um problema estrutural, que deve ser combatido com firmeza por parte da gestão, mas vemos também atitudes da empresa que demonstram saber a importância desses trabalhadores e trabalhadoras, sempre enfatizada pelos sindicatos, mas negligenciada pela gestão da empresa, que é responsável pela qualidade e cumprimento dos contratos. Como é possível que para contornar uma greve que sabia-se ser de 24h a empresa chame efetivo e não consiga estabelecer isso de forma permanente? Como é possível que empregados fiquem sem salário nas festas de final do ano e ainda hoje em dia  e ninguém se importe, mas eles sejam convocados às 5 da manhã por conta de uma greve de 24h? A gestão da Transpetro deve responder.

*Enviado por um petroleiro que preferiu não ser identificado.

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