Artigo: ainda estamos aqui e continuaremos estando

Neste artigo, escrito para o jornal especial do 8 de março elaborado pela Comunicação do Sindipetro Unificado, a Coordenadora do Coletivo de Mulheres Petroleiras da FUP, Bárbara Bezerra, aponta desafios da luta das mulheres e reivindica a importância do filme Ainda estamos aqui

A cada 8 de março, a gente se encontra e fortalece nas ruas (Foto: Sindipetro Bahia)

Por Bárbara Bezerra

Ainda estamos aqui. Já sofremos muito, e continuamos sofrendo. Mas estamos de pé e com muita disposição de luta. O filme que comoveu o Brasil e está conquistando o mundo, nos espelha. A luta de Eunice Paiva, maravilhosamente representada por Fernanda Torres, nos inspira. Ainda estou aqui narra a história dessa brava militante e os desafios que enfrentou após o sequestro e desaparição do seu marido, o deputado Rubens Paiva, por parte das forças repressivas da ditadura militar (1964-1985).

Eunice é uma mulher que se desdobra para cuidar, criar, educar os filhos e militar politicamente. Um pouco de todas nós, petroleiras. Mulheres que enfrentam os desafios diários no trabalho e no lar, que se desdobram para dar conta de tudo e um pouco mais. Mulheres que na sua maioria enfrentam os desafios da dupla jornada, que além do trabalho enfrentam os afazeres domésticos e a criação dos filhos.

A história individual da Eunice nos dá forças para continuar enfrentando as mazelas do machismo. Nós, petroleiras, enfrentamos dificuldades para entrar na indústria, e quando entramos o fazemos para um ambiente geralmente hostil, que não está preparado para nos receber e ainda é favorável a opressões. Mas a nossa história e nossa experiência prática têm nos demonstrado que sem organização coletiva, sem disputar espaços nos nossos sindicatos, sem nos juntar a outras mulheres, não conseguimos avanços.

Foi após finalizar uma eleição de diretoria na Federação Única dos Petroleiros (FUP) e perceber que não tinha nenhuma mulher, que surgiu o Coletivo Nacional de Mulheres Petroleiras, um movimento histórico e importantíssimo. Nele, a gente se enxerga e se identifica, trocamos experiências e sonhos e nos fortalecemos. Levantamos bandeiras importantes e primordiais, reivindicamos nossos direitos.

Avançamos, mas ainda temos enormes desafios pela frente, muitas batalhas que daremos com toda nossa força. Ainda ganhamos menos que os homens fazendo o mesmo serviço, ainda sofremos assédio e violência, ainda somos corrigidas e silenciadas. Mas, a cada 8 de março, a gente se encontra e fortalece nas ruas, renovamos nossa disposição de luta. Porque ainda estamos aqui e continuaremos estando. Juntas e cada vez mais fortes.

 

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