Presidente da Petros comparece à sede do Sindipetro para encontro com trabalhadores

Henrique Jäger respondeu a questionamentos dos petroleiros presentes e apontou os principais eixos de sua gestão

Henrique Jager
Presidente do fundo de pensão, Henrique Jäger (ao centro) tirou dúvidas dos participantes da Petros e reforçou a retomada do diálogo (Foto: Guilherme Weimann)

Por Vítor Peruch

Na tarde da última quarta-feira (25), o atual presidente da Petros, Henrique Jäger, compareceu à sede do Sindipetro Unificado em Campinas (SP) para conversar presencialmente com os participantes sobre o futuro do fundo de pensão. A conversa também foi transmitida ao vivo para os trabalhadores que não conseguiram estar presentes. 

Além do presidente da Petros, compuseram a mesa de debate o diretor do Sindipetro Unificado eleito recentemente para o Conselho Fiscal da Petros, João Antônio de Moraes, o diretor do Sindipetro Unificado, Steve Austin, e do diretor do Departamento de Aposentados (Daesp), Antônio Braz.

Jäger esclareceu diversas dúvidas dos petroleiros, dentre elas algumas relacionadas aos equacionamentos, que vêm afetando principalmente os aposentados do fundo de pensão. Sobre isso, Jäger foi enfático ao dizer que esse não é um problema fácil de ser resolvido: “Não é apertando um botão que consigo pôr fim aos equacionamentos, isso seria irresponsável da minha parte”.

Além disso, o presidente apontou que seu mandato será baseado em três principais eixos, sendo eles: uma nova proposta de equacionamento, o fortalecimento da governança e da transparência da Petros, além da difícil tarefa de reaproximação entre a Petros e seus participantes.

“Os equacionamentos não são um problema insolúvel”

No que diz respeito ao primeiro eixo, os equacionamentos, o presidente da Petros diz que não medirá esforços para resolver o problema, apesar da dificuldade que existe em torno do tema: “Já estamos analisando todos os estudos para conseguir uma proposta que, mesmo que não seja uma solução total do problema, consiga apontar uma solução parcial”. 

Entretanto, Jäger alertou que a Petros não tem condições de resolver o problema isoladamente: “A Petros não resolve esse problema sozinha. Eu não posso, como presidente da Petros, apertar um botão e falar ‘a partir de agora a gente não desconta mais’. Quando eu saí da Petros na primeira vez, o déficit estava em R$ 22 bilhões, e havíamos feito uma proposta para fazer o equacionamento do déficit, mas a direção nova que entrou decidiu não implementar essa proposta e atrasou em um ano a implementação, o que trouxe um aumento de R$ 6 bilhões e foi para R$ 28 bilhões, isso impactou no volume de recursos pagos por vocês”.

O presidente da Petros também destacou o desafio de interromper os equacionamentos sem considerar as repercussões. “Eu não tenho esse poder e mesmo se tivesse, isso traria consequências”, adverte Jäger. Ele enfatiza o perigo de pausar os equacionamentos sem uma alternativa adequada: “Se você pausa os equacionamentos, mas não substitui por outra coisa, aquela dívida cresce exponencialmente”.

Participantes puderam tirar dúvidas e saber do projeto de gestão do presidente da Petros, Henrique Jäger 9Foto: Guilherme Weimann)

Ainda no contexto dos equacionamentos, o presidente ressalta a abordagem estratégica da Petros para resolver a questão. “Para esse primeiro eixo da gestão, a gente tem um Grupo de Trabalho que foi criado, e a Petros está com dois representantes nele”, explica Jäger. Ele destaca a colaboração ativa dos especialistas internos da Petros: “Todos os técnicos da Petros estão atuando para ajudar nesse processo de negociação com o seu conhecimento técnico”.

O Grupo de Trabalho, citado por Jäger, envolve as patrocinadoras do plano, incluindo a Petrobrás, além das entidades representativas dos trabalhadores, como a Federação Única dos Petroleiros (FUP e a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP). Ele tem o desafio de propor, em 90 dias, alguns caminhos para minimizar os déficits enfrentados pela Petros.


Visão conservadora nos investimentos

Jäger afirmou que a saúde financeira do fundo de pensão é uma prioridade e para isso pretende adotar uma postura conservadora em relação aos investimentos:

“Estamos consolidando um plano maduro, não podemos correr riscos, porque se eu perder dinheiro, significa que terei novos equacionamentos. Minha política de investimentos com o dinheiro que está lá será conservadora, e iremos aplicar onde o risco é menor”. 

Jäger falou sobre o projeto “Imunização”, criado já nos primeiros meses de sua gestão: “Nós consolidamos um projeto chamado ‘Imunização’, em que 80% dos recursos do plano ou estão em caixa (para fazer os pagamentos de curto prazo) ou estão aplicados em títulos públicos”, afirmou o presidente, que garantiu que isso deve trazer mais segurança financeira para o fundo de pensão: “Se não tivermos surpresas do lado do passivo, nós garantimos que não teremos mais déficit daqui para frente”.

Fortalecimento da Governança e da Transparência

Sobre o segundo eixo, o presidente da Petros admitiu que houve falta de transparência anteriormente e garantiu que em sua gestão isso será solucionado: “Como eu disse, a Petros estava de costas para vocês. Quem entrava no site da Petros, nas informações sobre o plano, via que não tinha nenhuma informação ali. Na verdade, a Petros escondia os dados de vocês. Se vocês chegarem em casa hoje e entrarem no site, vocês vão ver que agora temos o balancete mensal da Petros, temos as informações que vocês precisam para saber se o plano vai bem ou se vai mal, se está dando resultado ou não. E só vamos aumentar essa transparência. E, além disso, vamos produzir vídeos para explicar para o beneficiário da forma mais didática possível”.

Reaproximação dos participantes e voto de minerva

O terceiro eixo, muito comentado por Jäger, foi a reaproximação do plano de previdência com os participantes, o que, segundo ele, também passa por essa política de transparência: “É fundamental retomar o diálogo com os participantes. Estamos fazendo isso e minha vinda até aqui é apenas um exemplo”.

Sobre esta reaproximação, o diretor do Sindipetro Unificado recém eleito para o Conselho Fiscal, João Antônio de Moraes, acrescentou uma fala sobre a importância da categoria nos embates que ocorrem entre a Petros, a Petrobrás e os trabalhadores: “O caminho que devemos seguir neste momento é o da mobilização sindical, é o da mobilização da categoria, é a luta política! Quando participamos ativamente dos atos no Rio de Janeiro, quando enchemos ônibus para protestar e comparecemos à sede da Petrobrás, tivemos mais resultados, tivemos avanços no Grupos de Trabalho”, afirmou Moraes.

Henrique Jager
Encontro no Sindipetro Unificado contou participação dos participantes da Petros e também pode ser acompanhado online (Foto: Guilherme Weimann)

Além disso, Jäger também criticou o voto de minerva que ocorre hoje, no qual, se houver empate entre os seis conselheiros, a direção do fundo de pensão deve tomar a decisão: “Eu também sou contra o voto de minerva. Ele pode gerar, como já acabou gerando muitas vezes, um comportamento irresponsável por parte dos conselheiros. E eu nunca usei e não vou usar esse voto.. Se houver empate, nós teremos que discutir o tema em questão novamente”.

Os aposentados presentes, ao tirarem suas dúvidas, elogiaram a postura do atual presidente da Petros, que se comunicou diretamente com os participantes,, já mostrando uma diferença dessa gestão para a anterior. A reunião representou um passo significativo na busca por soluções para os desafios enfrentados pelos beneficiários da Petros, destacando o compromisso do presidente em abordar essas questões de maneira transparente e colaborativa.

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