Sindipetro Unificado define pautas do ACT e elege delegação para Plenafup

Congresso definiu próximos movimentos de luta do sindicato rumo à Plenafup e às negociões do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT)

Trabalhadores durante o Congresso do Sindipetro Unificado, neste sábado (14) na sede de Campinas (Foto: Marcelo Aguilar)

[Por Marcelo Aguilar]

Aconteceu neste sábado (14) um dos espaços de diálogo e debate mais importantes do calendário anual do Sindipetro Unificado: o Congresso. Na sede de Campinas da entidade, trabalhadores e trabalhadoras das diversas bases discutiram a conjuntura atual, aprovaram as pautas para o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), que será negociado no segundo semestre, e elegeram a delegação que irá representar o Unificado na Plenária Nacional da FUP (Plenafup), que acontecerá entre os dias 4 e 7 de agosto em Recife (PE).

O dia começou com uma mesa de debate sobre a conjuntura da Petrobrás e os desafios do mundo do trabalho no momento atual. A engenheira de Segurança do Trabalho e mestra em Saúde Coletiva, Vanessa Farias, que está realizando um trabalho de pesquisa junto ao Sindicato sobre segurança na Refinaria de Paulínia (Replan), abordou questões relacionadas à saúde no ambiente de trabalho e desafios da luta da categoria nesse sentido. A engenheira afirmou que na Petrobrás existe “um bunker de conhecimento operário que está sendo destruído”, fazendo referência à redução do efetivo.

A engenheira Vanessa Farias, abordou questões relacionadas à saúde no ambiente de trabalho e desafios da luta da categoria nesse sentido (Foto: Marcelo Aguilar)

Para Farias, “a saúde é transversal a todas as pautas da categoria, sempre que estamos discutindo qualquer indicador, qualquer processo de trabalho, a gente está debatendo saúde”.

Nesse sentido, entende que o movimento sindical não pode reproduzir a lógica da empresa: “a lógica da Petrobrás é fragmentar, colocar a saúde como uma pasta específica, com o objetivo de monitorar nossa saúde para que a gente possa produzir mais. A empresa atua para manter a saúde do trabalho e não do trabalhador e muitas vezes o movimento sindical também repete essa lógica”. Segundo Farias, “é preciso entender essa lógica para parar de apagar incêndios, a gente precisa subverter essa lógica e construir nossa prevenção, nossas ferramentas e instrumentos de monitoramento, que nos permitam apresentar nossos indicadores, nossos números; é uma necessidade, nós não podemos terceirizar esse processo, o protagonismo tem que ser dos trabalhadores”.

Cloviomar Cararine, economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), que acompanha há quase vinte anos a categoria petroleira e a Federação Única dos Petroleiros (FUP), realizou uma análise do percurso histórico da Petrobrás e sua relação com o os lucros e a distribuição de dividendos.

Num estudo ainda inédito, Cararine identificou semelhanças e diferenças na relação entre os lucros e os dividendos distribuídos pela empresa, com um levantamento que mostra como aumentou de forma exponencial o lucro da empresa, mas também a porcentagem desses lucros distribuídos como dividendos, para acionistas nacionais e sobretudo estrangeiros, que converteram a Petrobrás numa verdadeira “máquina de gerar lucros”, em detrimento dos investimentos na empresa.

Cloviomar Cararine, economista do DIEESE, apresentou estudo sobre os dividendos da Petrobrás (Foto: Guilherme Weimann)

Até 2013, os lucros aumentaram muito, mas a porcentagem de distribuição de dividendos se manteve na faixa dos 30%. Porém, após 2018, ambos indicadores cresceram de forma exponencial. A porcentagem de distribuição de dividendos atingiu um patamar de 90% dos lucros obtidos pela companhia. Cararine afirma: “A Petrobrás nunca gerou tanta riqueza, cada vez gera mais, mas ela foi mudando sua política de dividendos, que hoje é muito agressiva na distribuição, a grande parte do volume de riqueza vai para os acionistas, 16% para os acionistas privados nacionais e 47% para acionistas estrangeiros”. Acionistas esses que desde o final dos anos 2000 cresceram, atingindo seu auge durante o governo Bolsonaro (2019-2022), no qual aumentaram sua participação no capital social da Petrobrás.

“É uma empresa muito rentável e praticamente metade dessa riqueza, em forma de dividendos, vai para fora do Brasil”, afirmou o economista do DIEESE, e acrescentou: “é uma empresa que ainda é estatal porque tem o braço do governo, que não a usa totalmente como a gente gostaria, mas a usa. Mas para o setor privado é uma empresa perfeita, já que tem as garantias do Estado e é uma máquina de gerar lucros e distribuir dividendos gigantescos”.

Durante a tarde, os trabalhadores e trabalhadoras se dividiram em grupos para debater sobre as pautas prioritárias da categoria petroleira e elaborar propostas sobre a pauta do Sindipetro Unificado rumo ao ACT. Os grupos foram os de SMS, efetivo e regimes; Econômicas, benefícios e diversidades; AMS e Petros; Setor Privado e fortalecimento do Sistema Petrobrás.

“Foi uma instância de enorme importância, um debate riquíssimo sobre as nossas pautas prioritárias no momento e análise da conjuntura nacional e dentro da nossa empresa. Tomamos decisões importantes e compartilhamos informações necessárias para os desafios do próximo período, saímos do Congresso fortalecidos e motivados”, afirma a coordenadora geral do Sindipetro Unificado, Cibele Vieira.

O Sindipetro Unificado elegeu também durante o Congresso a delegação que representará a entidade na Plenafup, que ocorre entre os dias 4 e 7 de agosto no Recife (PE). Lá será apresentada a pauta definida pelos sindicatos e será construída coletivamente a pauta da Federação Única dos Petroleiros (FUP) para o Acordo Coletivo de Trabalho do Sistema Petrobrás, que será negociado no segundo semestre deste ano.

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