Companhia Brasileira de Trens Urbanos move processo para demitir trabalhador que lutou por condições seguras durante a pandemia
Com informações de Esquerda On Line e FUP
O Sindicato Unificado dos Petroleiros de São Paulo (Sindipetro-SP) une-se à resistência contra a perseguição do diretor de Imprensa e Comunicação do Sindicato dos Empregados em Transportes Metroviários e Conexos de Minas Gerais (Sindimetro-MG), Pablo Henrique Azevedo.
O dirigente é uma das muitas lideranças sindicais que se colocaram em defesa da classe trabalhadora para enfrentar a irresponsabilidade de gestores diante da Covid-19. Por conta dessa luta, o trabalhador sofre um processo de demissão por justa causa movido pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU).
No início da pandemia, a CBTU reduziu o horário de funcionamento das estações para diminuir a circulação de trabalhadores e usuários dos trens.
Mesmo liberado para exercer a atividade sindical, Pablo Henrique, que ingressou na companhia por meio de concurso, como técnico mecânico de manutenção, resolveu abrir mão da licença para auxiliar na escala de revezamento dos trabalhadores.
Mas, em maio, alheia à pandemia, quando a demanda de circulação ainda era baixa por conta das medidas de isolamento social, a direção da empresa determinou a retomada das escalas normais de trabalho.
O Sindimetro-MG buscou o diálogo com a CBTU, que se negou a preservar a vida. Diante da intransigência, o sindicato convocou uma assembleia, que aprovou a realização de uma greve sanitária.
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Durante o período de paralisação parcial, o assédio da chefia se intensificou com ameaças a empregados de corte de ponto e aberturas de processos administrativos. Os metroviários resistiram e conquistaram a retomada das escalas especiais.
A partir disso, Pablo Henrique passou a ser um dos alvos da direção. Uma das medidas foi a troca do trabalhador de setor, que rendeu um processo pelo Sindimetro-MG por conta da relutância em rever a medida.
Além de repudiar qualquer diálogo, a CBTU, que será privatizada pelo governo Jair Bolsonaro (sem partido), ingressou com uma ação solicitando à justiça a permissão para demitir o diretor por justa causa.
Os dirigentes têm estabilidade garantida pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) e Constituição Federal contra demissão injustificada. As medidas são uma forma de proteger as lideranças de intimidações.
Coordenador da regional Mauá do Sindipetro-SP, Auzélio Alves, aponta a solidariedade do Sindipetro-SP a Pablo Henrique e endossa a carta de repúdio divulgada pela Federação Única dos Petroleiros (FUP) à perseguição que o metroviário vem sofrendo.
“O governo está atacando um diretor sindical para tentar fazer dele um exemplo e impedir que outros companheiros e companheiras também integrem a luta por condições dignas de trabalho. A perseguição é uma forma comum de atuação de governos de extrema-direita como esse que vivemos no Brasil hoje”, destaca.
Confira abaixo a nota da FUP:
À Direção da CBTU
Aos cuidados da presidência.
A Federação Única dos Petroleiros – FUP tomou conhecimento do processo que a Companhia Brasileira de Trens Urbanos move um processo judicial contra Pablo Henrique, visando a sua demissão.
Pablo é membro da diretoria do Sindicato dos Metroviários de Belo Horizonte e tem reconhecida atuação nacional em defesa dos direitos dos trabalhadores da empresa e em defesa do caráter público e estatal da Companhia.
A tentativa de demissão do sindicalista configura, ao nosso ver, uma notória perseguição política e por isso, uma prática antissindical da CBTU, que visa o cerceamento das atividades constitucionalmente previstas para as entidades representativas dos trabalhadores e seus dirigentes.
Por essas razões, nos dirigimos à empresa e exigimos a imediata retirada do processo judicial (0010718-31.2020.5.03.0007) movido contra o companheiro Pablo Henrique.
Cordialmente
Deyvid Bacelar – Coordenador Geral
FUP – Direção Colegiada