Neste sábado (11), foram oferecidos 200 botijões de gás de cozinha a moradores da comunidade, por R$ 45 a unidade
Por Andreza de Oliveira
Na manhã deste sábado (11), o Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo (Sindipetro-SP), em parceria com a União de Núcleos de Educação Popular para Negras/os e Classe Trabalhadora (Uneafro), realizou a venda subsidiada de 200 botijões de gás de cozinha para famílias de baixa renda, no Núcleo Pagode da Disciplina, localizado no Jardim Miriam, em São Paulo (SP).
A ação busca conscientizar a população sobre os preços abusivos praticados pela Petrobrás por meio do preço de paridade de importação (PPI), que define o valor dos derivados de petróleo com base no mercado internacional. Por isso, no ato, cada unidade do produto foi ofertada por R$ 45 – uma estimativa do preço que seria praticado sem o PPI.
“Essa atividade é uma denúncia contra essa política, implementada ainda na gestão de Michel Temer, que faz com que famílias comprem o botijão com preço de importado, sendo que a Petrobrás poderia ofertar por um valor muito menor. O preço de paridade de importação é uma política de transferência de renda dos trabalhadores para acionistas estrangeiros”, explica o petroleiro aposentado e diretor do Sindipetro-SP, Silvio Marques.
O aumento nos preços dos derivados de petróleo nos últimos anos tem sido determinante para a alta da inflação e, consequentemente, a diminuição do poder de compra dos brasileiros.
“Nós, trabalhadores da Petrobrás, já tentamos mudar essa política de preços da empresa, mas sem sucesso. Enquanto isso, a companhia distribuiu, só entre agosto e outubro deste ano, R$ 63 bilhões para acionistas, tudo saindo do nosso bolso”, opina o petroleiro e diretor do Sindipetro-SP, Gustavo Marsaioli.
O bolso é o que mais sente
Com o aumento dos preços dos combustíveis, por conta do PPI e da desvalorização do real, somado ao cenário pandêmico de crise econômica e política, o Brasil voltou ao mapa da fome. Estima-se que, no último ano, 116 milhões de brasileiros não tenham tido acesso pleno e permanente à alimentação adequada.
Trabalhadores autônomos do Jardim Miriam, Elder e sua mãe, Elza, que vendem salgados para sustentar a família, também sentiram na pele os impactos dos constantes aumentos de preços. “Moramos em cinco e, como usamos o gás para fazer os salgados, sentimos um consumo maior, o que tem afetado muito no orçamento familiar. Não podemos aumentar muito o preço dos produtos que vendemos, senão os clientes não compram porque está caro”, alega Elder.
Para Elza, os trabalhadores autônomos foram os que mais sentiram a crise econômica agravada na pandemia. “A gente já era pobre, ficamos mais ainda. Às vezes, precisamos cobrar para entregar os salgados porque a gasolina também está cara, mas os clientes não gostam. Só que não tem condição, antigamente meu marido colocava R$ 50 e quase enchia o tanque, hoje isso não dá pra nada”, relembra.
Coordenador da Uneafro e integrante da Coalizão Negra por Direitos, Douglas Belchior explica que a parceria com o Sindipetro-SP é fundamental para alertar a população sobre os preços abusivos dos combustíveis. “Estamos fazendo doação de alimentos nessa comunidade há alguns meses, e essa parceria é muito importante para entendermos o quanto esse governo nos engana, porque o botijão de gás deveria custar R$ 45 e não mais de R$ 100. Só com a força dos trabalhadores poderemos lutar por nossos direitos, que deveriam ser fruto de políticas públicas e sociais, mas que, infelizmente, não estão sendo garantidos pelos órgãos públicos responsáveis”.