A iniciativa conjunta ocorre após anúncio de licitação que terceirizaria serviços nos setores de água e detritos de seis refinarias da estatal
Por Andreza de Oliveira
Após o processo de licitação apresentado no último mês pela Petrobrás, que terceiriza inicialmente 109 vagas em Estações de Tratamento de Água e de Despejos Industriais em diversas refinarias pelo Brasil, sindicatos filiados à Federação Única dos Petroleiros (FUP) e da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) se uniram em uma mobilização conjunta.
Em São Paulo, seriam 14 postos de trabalho terceirizados na Refinaria Presidente Bernardes (RPBC), em Cubatão, e na Refinaria de Paulínia (Replan), em Paulínia – onde supervisores afirmaram, sem confirmação, que a licitação havia caído.
Por isso, os sindicatos dos petroleiros Unificado de São Paulo (Sindipetro-SP), de São José dos Campos e Região (Sindipetro-SJC) e do Litoral Paulista (Sindipetro LP) decidiram promover assembleias em suas bases para discutir mobilizações e ações conjuntas pelo fim das terceirizações.
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“Esses atos são fundamentais para unificarmos a luta da categoria petroleira contra a precarização dos postos de trabalho e a retirada de direitos dos trabalhadores”, afirma Rafael Prado, diretor do Sindipetro-SJC.
Apesar de não terem entrado na licitação, a Refinaria Henrique Lage (Revap), em São José dos Campos, registra denúncias de terceirizações irregulares e a Refinaria de Capuava (Recap), em Mauá, já opera com 36% dos trabalhadores terceirizados.
“Com as mobilizações, pretendemos mostrar o que a Petrobrás quer com esse modelo de terceirização, que é reduzir custos, salários com uma mão de obra mais barata e direitos conquistados ao longo da história da categoria petroleira”, explica o dirigente e petroleiro do Sindipetro-SP, Juliano Deptula.
Terceirização contínua
Terceirização de postos de trabalho em unidades da Petrobrás não é novidade, relatos apontam que o processo já acontecia na segunda metade dos anos 70, com a contratação de funcionários para cozinha, limpeza e segurança das refinarias.
No último ano, as recentes licitações colocaram em risco também setores nunca terceirizados, como as unidades de saúde, laboratório e operação na RPBC. “Esse processo já aconteceu antes, a empresa terceirizou unidades auxiliares e, posteriormente, todas as outras, obrigando os trabalhadores a serem realocados para outras cidades e estados”, declara o dirigente do Sindipetro-LP e secretário-geral da FNP, Adaedson Costa.
Para nós, está muito claro que isso faz parte do processo privatista da Petrobrás, primeiro terceirizar alguns setores e depois os trabalhadores próprios precisam treinar essa mão de obra para assumirem posteriormente.
Para ele, a luta conjunta dos petroleiros, independente da frente sindical, é muito importante para o enfrentamento do processo privatista pelo qual passa a estatal. “Queremos uma Petrobrás para os brasileiros, que atenda tanto aos anseios da população por preços de combustíveis justos, como também que tenha segurança jurídica para os empregados e segurança ambiental”, finaliza.