Por falta de segurança, roubos se tornam um padrão nos terminais da Transpetro

Trabalhadores convivem com ameaças constantes nos terminais, principalmente no período noturno

guararema
Os maiores terminais são protegidos por apenas dois seguranças (Foto: Petrobrás)

Apesar de serem usados como sinônimos no linguajar mais coloquial, “furto” e “roubo” são termos que tipificam dois crimes distintos. Furto ocorre quando há a subtração de algo sem a presença da vítima ou sem que ela perceba, ou seja, sem violência física ou psicológica. Já roubo envolve contato direto com a vítima, com ameaça e violência, seja física ou psicológica.

A partir dessa contextualização, é possível concluir que não existe furto nos terminais da Transpetro, mas sim uma somatória cada vez extensa de roubos. Isso porque o dano psicológico já está instalado entre os trabalhadores do regime de turno ininterrupto de trabalho, que vivem um clima de insegurança constante – principalmente no período noturno.

Essa foi a tônica das entrevistas realizadas pela reportagem do Sindipetro Unificado. Um desses petroleiros, que preferiu não ser identificado, resume: “Passamos praticamente todo o período noturno trancados com medo do que podemos encontrar lá fora. Saímos apenas para as operações extremamente necessárias. Mas é um risco e um medo permanentes, seja de assalto, como também de violência física e até mesmo sexual, no caso das mulheres.”

Atualmente, os terminais do Osbra, de São Paulo à Brasília, são protegidos por apenas dois funcionários – em alguns casos, apenas por um, como o Terminal de Ribeirão Preto -, que têm que garantir toda a segurança patrimonial da unidade. Outro trabalhador, que também preferiu não ser identificado, afirma: “A maioria dos assaltos são pequenos… sucatas, equipamentos menores, mas isso não é garantia de que uma quadrilha nunca entrará nas unidades. Estamos falando de terminais que garantem o abastecimento do país.”

Esse questionamento também é compartilhado pelo petroleiro aposentado e diretor do Sindipetro Unificado, Vereníssimo Barçante: “São terminais gigantes, seja em área, como também em importância. O Terminal de Guararema, por exemplo, é responsável por abastecer as principais refinarias do estado, incluindo a maior do país, que é a Replan. Como deixar que esse patrimônio seja protegido por apenas dois trabalhadores?”.

O sindicalista ainda recorda os ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023 como um alerta: “Na época dos ataques, o Terminal de Brasília só tinha um vigilante, agora tem dois. Mas como eles iriam proteger a unidade? Estamos falando de um local que abriga substâncias explosivas, muito perigosas”. 

O Sindipetro Unificado tem cobrado um aumento no efetivo, não apenas na área de Segurança Patrimonial, como também nas áreas operacionais. Inclusive, essa foi uma das pautas da última greve de 24 horas, que ocorreu em todo o Sistema Petrobrás.

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