Petroleiros acampam frente ao Edisen, sede da Petrobrás no Rio de Janeiro, e prometem só sair com uma proposta da empresa para o fim dos equacionamentos; Sindipetro Unificado diz presente
Por Marcelo Aguilar
Petroleiros e petroleiras que ajudaram a construir a maior empresa brasileira e deveriam estar tendo seu merecido descanso por isso, estão dormindo há seis dias em colchonetes nas tendas montadas frente ao Edifício Senado (Edisen), atual sede da Petrobrás no Rio de Janeiro. Estão em luta pela aposentadoria digna que lhes é negada, vítima dos efeitos de descontos abusivos nos seus benefícios gerados pelos chamados equacionamentos, que afetam o dia a dia dos ex-empregados da Petrobrás.
A Vigília petroleira pelo fim dos PED´S é organizada pela Federação Única dos Petroleiros (FUP) e seus sindicatos, a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) e as associações que integram o Fórum em Defesa dos Participantes e Assistidos da Petros. O acampamento tem o objetivo de pressionar a direção da Petrobrás para que atenda as propostas apresentadas pelas entidades para acabar com os Planos de Equacionamentos de Déficits (PEDs) dos PPSP-R e PPSP-NR.
O ex-presidente do Sindipetro Unificado e ex-conselheiro eleito da Petros, Wilson Santarosa, presente no acampamento, afirma: “Os aposentados estão sentindo na pele as ameaças de equacionamento desde pelo menos 2011, e agora estão sentindo no bolso, com descontos de até 20% do seu benefício. Isso é muito dinheiro, o cara trabalhou 30 ou 40 anos na esperança e na expectativa de ter uma vida digna, e não está tendo. Isso é muito chato”.
Na visão de Jair Campos, conhecido como “Jairzinho”, diretor do Sindipetro Unificado, os aposentados não têm outra alternativa que a luta, pois não conseguem pagar essa conta:
“Os equacionamentos aconteceram por descaso da empresa na questão de recursos, é um déficit que vem desde a década de 70, desde a própria criação da Petros e nós não temos que pagar essa conta. Por isso precisamos continuar na luta e convido você companheiro aposentado para estar junto com a gente. Eu não consigo pagar essa conta que a Petrobrás está me passando e que com certeza está igual a sua”.
“Precisamos de mais e mais companheiros que se somem à luta para conquistarmos o fim desses PED´s”, afirma santos
Santos, coordenador do Departamento de Aposentados da regional São Paulo, reforça o chamado à categoria: “Precisamos de mais e mais companheiros que se somem à luta para conquistarmos o fim desses PED´s, que estão sendo muito sofridos pelas aposentados e suas famílias que estão vendo seus contracheques zerados, sem conseguir honrar os compromissos do dia a dia. Isso é muito sacrificante e precisa ser resolvido da forma mais urgente possível”.
O aposentado conta que tem sido difícil lidar com essa realidade: “Dentro do movimento sindical a gente sente muito quando vemos a situação de um companheiro ou companheira que chega para você e te apresenta aquele sentimento, aquela necessidade, companheiros precisando de apoio moral, de apoio financeiro, é muito difícil e a gente tenta ajudar a melhor forma possível cada um que está passando por esse momento tão complicado”.
Reunião com a presidenta
Na tarde desta terça-feira (25), as entidades que compõem o fórum se reuniram com a nova presidente da Petrobrás, Magda Chambriard. No encontro, segundo nota emitida pelo Fórum, a presidenta afirmou que a solução dos equacionamentos dos déficits dos planos PPSP-NR e PPSP-R passa obrigatoriamente pelos órgãos de controle, principalmente pelo TCU, e alegou que há muitas leis e outras disposições legais que impõem limites para atuação da Petrobrás.
Nesse sentido, os representantes da categoria propuseram a formação de uma Comissão formada por representantes dos órgãos de controle da Petrobrás e da Petros (SEST E PREVIC), da própria Petrobrás e das entidades que compõem o Fórum. Os dirigentes da Petrobrás se comprometeram a buscar junto aos órgãos de controle a formação da Comissão reivindicada pelas entidades e concordaram em concluir o Relatório do GT sem a exigência do sigilo, para que possa ser publicado, algo que também foi solicitado pelos petroleiros.
Santarosa afirma que com a reunião de hoje, mesmo sem avanços concretos, “a esperança volta um pouco”, porém “ainda está muito longe e por isso o acampamento tem que continuar, o pessoal tem que vir para cá para revezar quem está aqui já faz uma semana. O Sindipetro Unificado está empenhado em fortalecer essa luta e iremos permanecer aqui”.
Na manhã desta terça-feira (25), petroleiros fizeram um ato em frente ao Terminal de São Caetano da Transpetro, em apoio à vigília e pelo fim dos equacionamentos.