No julgamento dos nazistas em Nuremberg, vários réus tentaram escapar de suas penas alegando que cumpriam ordens, eram soldados de uma causa e deviam obedecer a seu comandante.
Em 2014, um grupo de jovens israelenses se recusou a prestar o serviço militar obrigatório por se opor à ocupação dos territórios palestinos pelo governo de Israel.
A história está repleta de casos em que a consicência do que deve ser feito suplanta a obediência cega a ordens.
Essa questão filosófica, mas também bastante prática, foi um dos temas debatidos nas setoriais realizadas pelo Sindicato. O ponto é: qual é a postura que deve ter uma equipe de contingência diante do dilema de ter de obedecer a uma ordem contra sua consciência ou ficar ao lado de seus amigos e companheiros defendendo a empresa contra aqueles que querem privatizá-la?
A atual campanha reivindicatória não trata apenas da renovação de cláusulas ou de quanto será o reajuste do salário. Por mais importante que sejam essas questões, o ponto central hoje está no futuro que teremos na Petrobrás. Se ela continuar pública e sendo indutora do crescimento nacional, a realidade será uma; se ela for pública, mas uma empresa menor, encolhida e “desinvestida”, a realidade será outra. E, caso percamos essa batalha e a Petrobrás seja tragada pelas transnacionais do petróleo e privatizada – como querem e já anunciam membros do governo – estaremos à mercê do mercado, com uma legislação trabalhista completamente a favor do empresariado, sem garantia de emprego e o que sempre foram nossos direitos vão virar “privilégios” e serem rapidamente exterminados. É isso o que está em jogo: o futuro de cada um de nós, de nossas famílias, de uma empresa que sempre foi o símbolo maior de nossa independência.
Interinos e grupos de contingência serão chamados para assumirem as plantas em caso de uma paralisação da categoria. Cada um que aceitar saberá, conscientemente, que está não apenas traindo seus colegas, estará traindo sua própria família, pois não haverá futuro para nenhum de nós em uma PetrobraX privada.
A greve é a última arma da classe trabalhadora na luta por seus direitos e conquistas, é o momento que nossos exércitos vão à frente da batalha. Se isso vier a ocorrer por falta de uma proposta decente da empresa, de que lado você vai estar: do lado daqueles que lutam, se arriscam e olham com orgulho os seus; daqueles que corajosamente se negam a aceitar ordens que contrariem sua consciência ou do ladi dos covardes que dirão que estavam apenas “cumprindo ordens”, quando a história os for julgar?
Fazemos um chamamento a todos os trabalhadores e trabalhadoras do Sistema Petrobrás, independentemente do cargo que ocupem: A Petrobrás e seus funcionários estão sob a maior ameaça de seus 64 anos de existência, as decisões que tomarmos hoje moldarão o futuro da empresa, de nossos empregos e do país. Estejamos unidos neste momento, mais do que nunca, petroleiro não abandona o companheiro e não haverá volta para os covardes.
Diretoria do Sindipetro Unificado