O presidente entreguista da Petrobrás, Pedro Parente, teria visitado a Replan na quarta-feira (28), junto com uma comitiva de, aproximadamente, 30 pessoas. O relato é de trabalhadores da Refinaria de Paulínia, que garantem ter visto Parente “passeando” pela empresa sob forte aparato de segurança, que incluía até policiais federais.
A direção do Unificado tinha a informação de que, nesse dia, a refinaria receberia a visita do diretor de Estratégia, Organização e Sistema de Gestão da empresa, Nelson Silva. O executivo esteve presente na data marcada e, junto com ele, segundo apuração dos diretores sindicais, estariam alguns membros do Conselho de Administração da Petrobrás, além de Parente.
Na manhã desse mesmo dia, o Sindicato tinha programado um ato com os trabalhadores, que havia sido comunicado previamente à refinaria. Os diretores, entretanto, foram barrados no portão, às margens da rodovia, e proibidos de entrar, enquanto a comitiva da Petrobrás estivesse dentro da Replan.
Diante da conduta antissindical e antidemocrática da empresa, a diretoria do Unificado fez um bate-papo com os trabalhadores do turno, Grupo 5, na frente da refinaria e parou todos os ônibus do pessoal do setor administrativo, para informar sobre a estranha e repentina visita à Replan da comitiva executiva da Petrobrás.
Escolta
Trabalhadores afirmaram ao Sindicato que a caravana de Parente fez um tour de ônibus pela refinaria, escoltada por viaturas da vigilância e um carro do Corpo de Bombeiros, e havia um forte esquema de segurança. “Enquanto eles estavam no prédio, tinha um vigilante em cada porta perguntando ao trabalhador aonde ele ia e havia também policiais federais reforçando a segurança”, contou um petroleiro.
Os trabalhadores disseram ainda que o diretor Nelson Silva, que já tinha visitado a refinaria na tarde do dia anterior – provavelmente para deixar as coisas em ordem para a chegada de Parente -, confirmou que a privatização vai acontecer. Ele teria comentado também que a Petrobrás não é do povo, é dos acionistas, e que a privatização é um bem necessário.
Medo de quê?
O forte aparato de segurança, a proibição de entrada da direção sindical e todo o esforço em manter no anonimato a visita da comitiva, causam estranheza e levantam muitas suspeitas.
“O que significam as presenças na Replan de Nelson Silva e do atual Conselho de Administração, sendo que eles defendem parcerias estratégicas, que são privatizações dentro do sistema de refino, a saída da Petrobrás da parte de fertilizantes, de biocombustíveis, a venda de poços de petróleo a preços irrelevantes, reduzindo as reservas estratégicas da companhia, entre outros grandes conflitos de interesses que a gente vem enxergando em todo esse processo?”, questiona o coordenador da Regional Campinas, Gustavo Marsaioli.
A empresa não diz uma palavra sequer ao Sindicato. A gerência não confirma e nem desmente as informações. O silêncio é absoluto. Somente alguns dos trabalhadores, que presenciaram a comitiva, relatam o que viram ou ouviram. Além da interrogação sobre o futuro da empresa, fica no ar a seguinte pergunta: “O que eles querem esconder e do que eles têm medo?”