Análise de conjuntura do Seminário de Planejamento do Sindipetro Unificado contou com a participação da vereadora da capital paulista, Silvia Ferraro, e do presidente da CUT de São Paulo, Raimundo Suzart
Por Guilherme Weimann | Fotos: Marcelo Aguilar
A segunda mesa do Seminário de Planejamento do Sindipetro Unificado, que ocorre entre os dias 5 e 7 de abril no Instituto Cajamar, debruçou-se sobre a conjuntura política, com enfoque especial para o estado de São Paulo. Para isso, contou com a participação da covereadora da capital paulista, Silvia Ferraro (PSOL), e com o presidente da CUT-SP (Central Única dos Trabalhadores de São Paulo), Raimundo Suzart.
Para Ferraro, para entender a atual situação política é necessário se aprofundar no fenômeno da ascensão da extrema direita não apenas no Brasil, mas no mundo todo: “A extrema direita não está ganhando destaque de forma episódica. Ela está já há 10 anos em crescimento. Por isso, a gente tem que encarar essa extrema direita como um fenômeno mundial”.
A covereadora pela Bancada Feminista citou diversos exemplos de vitórias da extrema direita na última década, como a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, a eleição de Javier Milei na Argentina e o crescimento da bancada ultra no Parlamento de Portugal.
No Brasil, Ferraro fez um histórico da ascensão desse fenômeno: “A extrema direita vem num crescente desde o golpe contra a presidenta Dilma [Rousseff] em 2016. Ela conseguiu se enraizar não apenas numa turma mais rica, mas na base popular. Ela conseguiu isso por meio das igrejas evangélicas, como também por meio de um discurso ‘anticorrupção’, ‘anti-tudo’ . Uma parte da base popular migrou pra essa extrema direita”.
Além disso, a militante do PSOL pontuou características próprias dessa força política: “O bolsonarismo perdeu a eleição, mas ainda continua muito presente. De que forma? Pelo seu engajamento. O bolsonarismo tem um característica peculiar… ele não disputa apenas eleição, ele disputa consciência. Ele continua muito engajado, nas redes e em outros espaços. Os bolsonaristas disputam todos os espaços, todos os dias”.
E, para derrotar o bolsonarismo, de acordo com Ferraro, é preciso resgatar justamente esse poder de engajamento: “Quando eu comecei a militar, na década de 1980, a esquerda tinha essa característica, de discutir em todos os lugares, o tempo todo. Mas a gente perdeu isso. Atualmente, a gente tem vivido de eleição em eleição. Nós precisamos de força mobilizadora o tempo todo, não podemos militar apenas em época de eleição”.
Por fim, além de aumentar o engajamento, a covereadora apontou a necessidade da esquerda se apoiar sobre um programa: “A gente precisa de um programa, porque as pessoas se mobilizam por ideias. A direita tem muitas ideias. Quais são nossas ideias? A gente só está mobilizando ‘contra’, mas não ‘para’ conquistar direitos, por exemplo. Temos que sair da defensiva”.
Terceiro turno
O presidente estadual da CUT, Raimundo Suzart, fez uma análise na mesma linha da covereadora do PSOL. Para ele, a esquerda “ganhou a eleição presidencial, mas não levou o governo”, que “tem sido usurpado” pela extrema direita.
Por isso, o diálogo com o governo e com as estatais, por exemplo, tem sido muito difícil, o que tem dificultado de certa forma o poder de mobilização das centrais sindicais e da esquerda como um todo: “Estamos enfrentando dificuldades até mesmo para a realização do 1º de maio”.
Para enfrentar esse cenário, Suzart acredita ser imprescindível a união dos movimentos sindicais e sociais, além dos partidos políticos que se enquadram dentro do campo democrático, para aumentar o trabalho de base.
Além disso, o dirigente apontou as eleições municipais como um episódio fundamental para a própria manutenção de Lula na presidência: “Precisamos botar o máximo de força possível para eleger não apenas prefeitos, como também vereadores alinhados com as nossas pautas, já que são eles que efetivamente fazem o debate com a base social”.
Na mesma linha, Ferraro apontou as eleições municipais como o terceiro turno da eleição presidencial: “Precisamos disputar e eleger o [Guilherme] Boulos aqui na cidade de São Paulo. E essa não é uma promessa vazia, uma ilusão, é real. Temos chances reais de vencer a eleição para a Prefeitura de São Paulo”.