Luís Felipe Cunha é um dos advogados que colaborou no sucateamento da estatal durante a operação Lava Jato
Por Marina Azambuja
O presidenciável e ex-juiz federal, Sérgio Moro, colocou em comando de sua pré-campanha eleitoral o advogado Luís Felipe Cunha, sócio do escritório Vosgerau e Cunha Advogados Associados, e que já havia sido contratado pela Petrobrás para atuar em casos trabalhistas da empresa.
Após utilizar entidades públicas para promover ações abusivas contra seus oponentes e vestir a camisa do “combate a corrupção”, Sérgio Moro viu na Petrobrás uma maneira de crescer, tanto como juiz, quanto politicamente, ao pilotar e julgar de maneira inconstitucional, a operação Lava Jato.
Com a visibilidade, Moro deixou de ser juiz federal, tornando-se ministro da Justiça e Segurança Pública do Brasil, mas abandonou o cargo devido a desentendimentos que teve com o então presidente Jair Bolsonaro (PL) em relação à troca do diretor-geral da Polícia Federal.
Desde então, o paranaense passou a advogar e a prestar consultoria no escritório Alvarez & Marsal, cuja maior parte dos honorários (77%) foram bancados por empresas envolvidas no escândalo da Lava Jato, como confirmam os dados informados pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que investigou a entidade para apurar o desempenho do ex-juiz no setor privado.
Moro e a campanha política
A relação de Sérgio Moro e Luís Felipe Cunha vai além da campanha eleitoral de 2022. O ex-advogado contratado pela Petrobrás, assim como outros escritórios advocatícios no brasil e no exterior, ganhou dinheiro com a operação Lava Jato ao estimular a “indústria da delação premiada”, como demonstram duas reportagens de Joaquim de Carvalho no portal Brasil 247.
Apesar de contratados pela estatal, os advogados operaram negociações milionárias que, na maior parte das vezes, estavam relacionadas a escritórios estrangeiros que beneficiaram a operação Lava Jato e, indiretamente, prejudicaram a Petrobrás.
De acordo com a pesquisa levantada pelo jornalista do 247, Moro aconselhava escritórios sobre os andamentos do processo, favorecendo grandes empresários – prática que é proibida para pessoas que ocupam o cargo de juiz. As informações eram transmitidas por canais não oficiais (ilegais) e que beneficiavam autoridades de outros países, sem utilizar a ponte que deve ser realizada pelo Ministério da Justiça.
As consequências da Lava Jato para a Petrobrás
Após a operação Lava Jato e a midiatização do caso, a Petrobrás saiu com suas ações prejudicadas na Bolsa de Valores, caracterizando um desmonte, não apenas da estatal e de seus trabalhadores, mas também do país e de toda a economia brasileira.
A bandeira de “combate à corrupção” abraçada por Moro enquanto comandou a operação, criminalizou a maneira como a estatal operava, prejudicando milhões de empregos, reduzindo os investimentos e desenvolvimento de setores tecnológicos e industriais do país.
De acordo com dados divulgados pelo Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), as consequências da força-tarefa afetaram negativamente o Produto Interno Bruto (PIB), com um impacto de mais de três pontos percentuais, reduzindo em mais de R$ 100 bilhões o faturamento das empresas arroladas na Lava Jato, e retirou R$ 142,6 bilhões da economia brasileira em 2014, aumentando o nível de desemprego e da população em situação de vulnerabilidade no país.
“Em 2015, a força tarefa provocou a redução do equivalente a 2,0% do PIB em investimentos da Petrobrás e a diminuição do equivalente a 2,8% do PIB em investimentos das construtoras e empreiteiras; em 2016 calcula-se que a Operação tenha sido responsável pelo encolhimento de 5,0% dos investimentos em formação bruta de capital fixo no país, bem como reduziu em mais de R$ 100 bilhões o faturamento das empresas arroladas na Lava Jato”, apresenta o relatório do instituto.