Mesmo com morte de petroleiro, Transpetro promove curso para retorno ao presencial

André Amaral faleceu no último dia 22 por complicações do coronavírus

Sindicato aponta que apenas trabalhos essenciais devem seguir na Petrobrás (Foto: Agência Brasil)

Após duas semanas entubado e lutando contra a Covid-19, o técnico de manutenção da Transpetro André Luís Amaral tornou-se mais uma vítima do coronavírus no país.

No último dia 22, o petroleiro faleceu por complicações da doença e deixou uma esposa e dois filhos, além de uma história de 11 anos de serviços prestados à empresa, ampliando um cenário no país que aponta para quase 15 milhões de casos e ultrapassa as 392 mil mortes.

Na contramão dessa realidade, a Transpetro lançou um curso pelo Ambiente Virtual de Aprendizagem (Portal AVA) com o sugestivo nome ‘Agora chegou a hora de retornarmos ao trabalho presencial’, em um exemplo de completa desconexão com o momento pelo qual passa o país.

Amaral trabalhava na Estação de São Bernardo do Campo, que  está em  fase de pré-operação. Um dia antes de retornar para casa, teve conhecimento de que um trabalhador de uma empresa terceirizada testou positivo e optou por também realizar o exame, que apresentou resultado positivo. Após isso, outros trabalhadores da instalação também tiveram o teste positivado e sintomas, mas sem a mesma gravidade.

Para o diretor do Sindicato Unificado dos Petroleiros de São Paulo (Sindipetro-SP), Felipe Grubba, neste momento é fundamental que todas atividades não essenciais não sejam realizadas.

“Os trabalhos que não são fundamentais para a continuidade operacional deveriam ser suspensos para evitar um aumento de contato por parte dos trabalhadores e com isso evitar contágios. E para os trabalhadores que executam atividades essenciais, a empresa deve fornecer máscaras de qualidade e padronizadas e realizar a testagem em massa”, apontou.

Cobrança do sindicato

Desde o dia 16 de abril, a Transpetro estabeleceu que os terminais da empresa de transporte e logística passarão a realizar testagens quinzenais em massa.

A mudança em relação à avaliação que muitas vezes demorava mais de um mês para ser realizada é uma resposta às reivindicações do Sindicato e terá como base a metodologia do antígeno para Covid-19. O método é mais rápido do que os demais exames disponíveis e de maior assertividade em pacientes com carga viral elevada e na fase sintomática inicial.

Até março deste ano, a empresa não possuía o mesmo protocolo de avaliações das refinarias.

O sindicato entende que a compra de máscaras N95 ou PFF2 seja uma política da empresa, não uma decisão local, como ocorre com as gerências de São Paulo, por serem os modelos mais seguros e aprovados pelos órgãos fiscalizadores.

De acordo com o boletim de monitoramento da Covid-19, divulgado no último dia 26 pelo ministério de Minas e Energia, 5.418 trabalhadores da Petrobrás foram contaminados, o equivalente a 11% do efetivo de 46.416 petroleiros. Até a publicação do balanço, 26 haviam morrido.

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