Petroleiros e movimentos populares e estudantis organizaram um grande ato em frente à Repar para comemorar os 66 anos da Petrobrás e protestar contra as tentativas de privatização
Por Norian Segatto
A jornada começou na madrugada da quarta (2) para quinta-feira, 3 de outubro, data em que a Petrobrás comemoraria 66 anos. Ônibus saindo das regionais Mauá e Campinas levaram uma caravana de dirigentes e militantes da ativa e aposentados até Curitiba, para um ato a ser realizado na Repar, uma das refinarias ameaçadas de privatização pela atual gestão da companhia. Se juntaram aos petroleiros nessa jornada de luta, caravanas vindas de outros estados, estudantes e companheiros e companheiras de diversos movimentos sociais. “Chegamos no início da manhã, é uma viagem longa, mas todos estavam animados por saberem que participavam de um momento histórico da categoria”, afirmou o coordenador do Unificado, Juliano Deptula.
Diante dos portões da refinaria, mais de mil pessoas entoavam bandeiras de resistência contra as tentativas de privatização e desmonte da maior empresa do país, essa senhora de 66 anos, que sempre esteve presente nos principais momentos da história do país: estava na carta-testamento de Getúlio Vargas, foi um dos motes para o golpe de 1964, descobriu o pré-sal, uma das maiores reservas do mundo de petróleo foi o centro de disputa que culminou no golpe que derrubou a presidente Dilma Rousseff. Além do Unificado e dos dirigentes do Sindipetro local, o ato contou com representações do RS, Litoral Paulista, Norte Fluminense, Duque de Caxias, Espírito Santo, MG, Pernambuco, Paraíba, Ceará, Piauí, Amazonas, Bahia e Rio Grande do Norte da FUP e da FNP. Outras entidades como a CUT, a UNE, o MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens) e Levante Popular, entre outras.
Durante todo o dia diversas manifestações ocorreram com o mote dos 66 anos da Petrobrás. O ato na Repar teve início às 7h; à tarde houve uma concentração na praça Santos Andrade, em frente ao prédio histórico da Universidade Federal do Paraná, com caminhada pelo centro e concentração em frente ao edifício da Polícia Federal, onde se encontra preso o ex-presidente Lula.
Em sua fala em frente à Repar, o coordenador da FUP, José Maria Rangel, afirmou: “hoje é um dia de comemoração, sim! Porque nenhuma empresa que sofreu e sofre os ataques que a Petrobrás vem sofrendo desde 2014 continuaria sendo cobiçada. Todos nós sabemos que a vida não está fácil agora, por isso é fundamental que não abaixemos a cabeça para esses entreguistas que estão aí”.
Lula livre
Representando os petroleiros, José Maria Rangel se encontrou com Lula, reafirmando a luta dos petroleiros e petroleiras em defesa da sua liberdade e da soberania nacional. “A cada dia que passa, mais e mais entidades internacionais reconhecem o ex-presidente como preso político. E ele só está preso porque ousou fazer com que o povo brasileiro tivesse dignidade, emprego, renda. Lula está preso porque em momento algum abaixou a cabeça para os Estados Unidos. Porque ele sempre cuidou da nossa soberania”, destacou o coordenador da FUP.
Do lado de fora, centenas de petroleiros realizaram mais um ato exigindo a liberdade do ex-presidente. “As gravações de conversas entre o ex-juiz Sergio Moro e membros do MP da Lava Jato, que estão vindo a público, mostram como foi tendencioso e à margem da lei todo o processo que levou Lula à prisão. Governos democráticos do mundo todo exigem a soltura de Lula, porque isso fere um princípio universal da democracia, não se pode condenar sem prova. Lula é um preso político, por isso estamos aqui para reforçar a luta por sua liberdade”, afirmou a diretora do Unificado e da FUP, Cibele Vieira.