Mandato é válido até 13 de abril, quando será realizada a Assembleia Geral da companhia
Por André Lucena*
O Conselho de Administração da Petrobrás aprovou, nesta quinta-feira (26), o nome de Jean Paul Prates (PT-RN) para a presidência da estatal. A aprovação se deu por unanimidade. O nome de Prates já havia sido indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em dezembro. Além da presidência, Prates assumirá o cargo de Conselheiro de Administração da companhia.
A função, porém, é interina. Para adiantar o seu processo de posse, Prates renunciou ao seu mandato de senador, que se encerraria em fevereiro. Por essa razão, a aprovação de hoje é pelo exercício do mandato até o dia 13 de abril.
A condição temporária da presidência se dá pelo fato de que a escolha definitiva da estatal acontecerá somente em abril, através da Assembleia Geral Ordinária.
O ex-presidente da Petrobrás, Caio Paes de Andrade, havia renunciado ao cargo em razão do convite feito pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), para que ele assumisse o cargo de secretário estadual de Gestão e Governo Digital.
Críticas à política de preços
Ainda durante o seu mandato como senador, Prates vinha sendo um crítico do Preço de Paridade de Importação (PPI), a política de preços aprovada na gestão do ex-presidente Michel Temer e que atrela o valor dos combustíveis no Brasil a fatores como variação do dólar, custo de importação e o próprio preço internacional do barril.
Antes da sua aprovação na presidência da Petrobrás, Prates já tinha defendido, também, que é o governo que deve tratar da política de preços, e não a Petrobrás. Entre as bandeiras levantadas por Prates, está a de que a petroleira não deve intervir diretamente nos preços dos combustíveis.
Deyvid Bacelar, coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), afirmou que a aprovação de Jean Paul Prates “representa o início de uma nova era em direção ao crescimento e à retomada do papel da empresa como indutora do desenvolvimento econômico e social do País”.
Bacelar e Prates integraram o Grupo de Trabalho de Minas e Energia, durante o período de transição de governo. Alinhado às demandas da FUP, Prates representa, na visão de Bacelar, “mais uma demonstração do compromisso do governo com o povo brasileiro e a soberania nacional”.
Nos últimos anos, Prates foi reconhecido como uma das três personalidades mais influentes no setor de energia renovável no Brasil, pelas revistas Windpower e Recharge. Ele assumirá a presidência da Petrobrás em um momento estratégico de discussões acerca do modelo energético brasileiro, por conta de questões relacionadas às fontes alternativas de energia.
A chegada de Jean Paul Prates na presidência da Petrobrás ocorre, também, em um momento importante para a companhia que, no início de janeiro, foi retirada da lista de privatizações pelo presidente Lula.
Diferentemente das gestões ocorridas durante o governo Jair Bolsonaro (PL), que ficaram marcadas pelo risco de privatização da Petrobrás, Prates deverá encarar a questão da soberania energética nacional como ponto-chave do seu mandato.
Jean Paul Terra Prates é advogado, com formação pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Além disso, é mestre em Economia e Gestão de Petróleo, Gás e Motores pelo Instituto Francês do Petróleo (IFP School) e Mestre em Política Energética e Gestão Ambiental pela Universidade da Pensilvânia.