Especial: Origem dos nomes dos principais ativos da Petrobrás

Levantamento conta a história da fundação de ativos da Petrobrás e personalidades, localidades e acontecimentos homenageados pela estatal

Companhia nomeou ativos em homenagem à personalidades, acontecimentos e locais que marcaram a história do Brasil (Foto: Flávio Emanuel/Agência Petrobrás)

Por Odara Monteiro*

Maior petrolífera brasileira e gigante no cenário internacional, a Petrobrás foi criada em 1953, ainda sob gestão de Getúlio Vargas. Hoje, a empresa possui 13 refinarias nas regiões Norte, Nordeste, Sul e Sudeste do Brasil, e mais de 60 plataformas de água profunda.

Com quase 70 anos de trajetória, a Petrobrás consagra, através dos nomes dados às suas plataformas, embarcações e refinarias, heróis e nomes importantes da história nacional brasileira. 

Reunimos, neste especial, uma ínfima seleção de refinarias e embarcações que homenageiam tais personalidades, e que, dado os valores e contexto onde foram consagrados, merecem ter seus nomes e histórias perpetuados.

Refinarias:

  • Refinaria Abreu e Lima (RNEST), em Pernambuco

Localizada no Portuário de Suape, litoral sul de Pernambuco, a Refinaria Abreu e Lima leva o nome de José Inácio de Abreu e Lima, apelidado de “General das Massas” por seu caráter libertário. O General lutou na Venezuela, Colômbia, Equador e Bolívia pela independência do domínio espanhol na região e é considerado um dos maiores heróis da independência venezuelana.

Após concluir seu curso na Academia Real Militar, no Largo de São Francisco (RJ), Abreu e Lima tornou-se Capitão do Regimento de Artilharia em Recife, na Revolução Pernambucana de 1817. Exilado, apresentou-se ao serviço da Independência da Grã-Colômbia (Panamá, Colômbia, Venezuela e Equador), onde, sob o comando de Simon Bolívar, amigo pessoal e principal líder pela libertação da América hispânica, triunfou como Chefe de Estado-Maior na luta pela libertação dos territórios sul-americanos do controle espanhol. Libertação, essa, que se concretizou na batalha de Ayacucho, a Batalha das Nações, que assegurou a independência do Peru e se consolidou como a última batalha da libertação colonial da América do Sul.

Ainda que tenha participado, durante dez anos, do movimento comandado por Bolívar, existem divergências entre os historiadores sobre sua completa figura, pois, ao voltar para o Brasil, foi um defensor ardoroso da monarquia brasileira.

Em 1840, de volta ao Brasil, o General Abreu e Lima dedicou-se à escrita e ao jornalismo, dirigindo o Diário Novo, jornal do partido Liberal, e colaborando com o jornal A Barca de São Pedro. Oito anos depois, teve início a Revolução Praieira, da qual Abreu e Lima não participou nos campos de batalha, mas manteve-se ativo na imprensa incentivando-a e combatendo o governo. Em 1867, escreveu textos onde expôs suas ideias liberais sobre religião, defendendo a liberdade religiosa.

  • Refinaria Alberto Pasqualini (REFAP), no Rio Grande do Sul

Alberto Pasqualini era considerado o mais importante teórico do trabalhismo brasileiro, sendo respeitado inclusive por seus adversários políticos, como Juarez Távora, líder do Partido Democrata Cristão (PDC). Em 1930, apoiou o movimento revolucionário que depôs o presidente Washington Luís, levando Getúlio Vargas ao poder. Durante o período de lutas entre tropas rebeldes e legalistas, auxiliou a chefia militar do porto da capital gaúcha, sendo comissionado como major fiscal.

Com a derrubada do Estado Novo, em 1945, Pasqualini lançou, em Porto Alegre, o manifesto de criação da União Social Brasileira (USB). No entanto, no ano seguinte decidiu ingressar no Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), fundado por setores sindicalistas partidários do presidente Getúlio Vargas.

Em 1948, Pasqualini escreveu “Diretrizes Fundamentais do Trabalhismo Brasileiro”, expondo as ideias que nortearam toda a sua atividade política, bem como a de um grande grupo de parlamentares do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB).

Eleito senador em 1950 no Rio Grande do Sul pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Alberto Pasqualini se destacou pela sua atuação durante os debates sobre o projeto da criação da Petrobrás. Escolhido como relator do projeto na Comissão de Economia do Senado, Pasqualini obteve aprovação para um emenda de sua autoria, que aplicava diferentes pesos ao critério tríplice de distribuição do imposto único sobre combustíveis e lubrificantes. Assim como Landulfo, Pasqualini defendia a implantação do monopólio estatal da exploração do petróleo. 

Em 1968, ao iniciar suas operações, a Refinaria Alberto Pasqualini processava uma média diária de 4,5 mil m³ de petróleo, capacidade que foi ampliada até atingir 20 mil m³/dia na década de 90. 

Em 2001, a Refinaria Alberto Pasqualini tornou-se uma sociedade anônima, a Alberto Pasqualini – Refap S.A., tendo como sua principal acionista a subsidiária da Petrobrás, Downstream Participações S.A. Em 2010, mesmo ano em que obteve a licença para processar 32 mil m³/dia, a Petrobrás adquiriu totalidade das ações da Refap S.A., consolidando-a como uma empresa de capital 100% Petrobrás, o que tornou possível o aumento nos ganhos de logística e otimização do processamento de petróleo nacional e produção de derivados. 

  • Refinaria Duque de Caxias (REDUC), no Rio de Janeiro

Considerado um dos grandes heróis nacionais, o patrono do exército brasileiro Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, recebeu o apelido de “pacificador” pelo papel que exerceu nas batalhas contra as rebeliões regenciais e as revoltas liberais de 1842, e por ter defendido e trabalhado em defesa da união nacional. Em sua homenagem, comemora-se o dia do soldado na data de seu aniversário (25 de agosto).

Devido ao seu triunfo liderando as forças brasileiras na Guerra do Paraguai, recebeu do imperador Dom Pedro ll o maior título de nobreza dado a um brasileiro: o título de Duque. Caxias foi responsável por comandar as tropas que reprimiram a Balaiada, no Maranhão, em 1840. A revolta popular, promovida por camponeses pobres, indígenas e escravos, foi uma resposta às arbitrariedades cometidas pelas oligarquias regionais. 

A questão conjuntural e a ligação de Duque de Caxias com o império não se restringiu somente ao campo militar, tendo exercido longa trajetória política no Partido Conservador (conhecido durante o período regencial como Partido Regressista). O Partido defendia a centralização do poder e era formado, principalmente, por grandes proprietários rurais, comerciantes ricos e funcionários de alto cargo no império.

Localizada na Baixada Fluminense, e responsável por 80% da produção de lubrificantes e pelo maior processamento de gás natural do Brasil, a REDUC está interligada à Refinaria Gabriel Passos (REGAP), em Betim (MG), e à Refinaria Henrique Lage (Revap), em São José dos Campos (SP), e é responsável por impulsionar o surgimento de um forte polo industrial na região fluminense.

A refinaria, que antes direcionava a produção de combustíveis para o Rio de Janeiro, hoje trabalha ligada a uma vasta rede de indústrias, suprindo demandas do mercado por combustível, lubrificantes, petroquímicos e gás.

  • Refinaria Gabriel Passos (REGAP), em Minas Gerais 

Localizada no município de Betim (MG), a Refinaria Gabriel Passos leva o nome do fundador da Frente Parlamentar Nacionalista (FPN), movimento pluripartidário cujo objetivo era apresentar projetos e defender uma política de desenvolvimento nacional autônomo e, também, um dos principais responsáveis pela criação da Eletrobrás.

Em 1959, Passos instalou, com o apoio da FPN, uma CPI – da qual foi o relator, que tinha como objetivo investigar o Acordo de Roboré. Segundo o acordo, assinado entre o Brasil e a Bolívia, a Petrobrás deveria aplicar recursos no financiamento de empresas privadas brasileiras criadas com o apoio do BNDES para operar no altiplano boliviano. Do ponto de vista nacionalista, o Acordo de Roboré violava o princípio do monopólio estatal do petróleo e prejudicava as atividades da Petrobrás em relação à prospecção de jazidas no território nacional.

Após a renúncia do ex-presidente da República Jânio Quadros, em 1961, e com a nova emenda constitucional que instituiu o parlamentarismo, Tancredo Neves confiou a Gabriel Passos a pasta das Minas e Energia, concedendo-o o cargo de ministro e visando a proteção às jazidas de minério de ferro de Minas Gerais.

Outra iniciativa da sua gestão foi a constituição de um grupo de trabalho, encarregado de organizar a Eletrobrás, ouvindo especialistas de diversas concessionárias, públicas e privadas, cujo projeto de criação já havia sido sancionado pelo Congresso. A estatal começou a operar em junho de 1962, oito dias antes da morte de Gabriel Passos.

  • Refinaria Henrique Lage (REVAP), em São Paulo

Um dos principais idealizadores do Porto de Imbituba, hoje, o segundo maior porto do estado de Santa Catarina, Henrique Lage foi um grande incentivador dos setores da indústria nacional, como a mineração e a aeronáutica, tendo sido responsável, também, pela criação da primeira fábrica de aviões do Brasil, a Companhia Nacional de Navegação Aérea. 

Focado nas dificuldades da industrialização nacional e visando o alargamento dos horizontes econômicos do país, Lage também fundou, em 1922, a Companhia Docas e, junto a ela, a Usina Elétrica de Imbituba, que alimentou a cidade até 1982.

Henrique Lage também foi pioneiro na extração de petróleo no nordeste do país, mandando sondar, na década de 1920, a existência de petróleo no Rio de Janeiro. Grande entusiasta do município de Imbituba, ele fundou a escola para os filhos dos trabalhadores, hoje sob regência do Estado, e teve participação decisiva na construção do sistema viário do município.

Venerado pelos oficiais do Exército, sua morte e grande contribuição à Academia Militar de Agulhas Negras (AMAN) e ao Exército Brasileiro fez com que lhe fosse concedido o Espadim Nº 1 e outorgado o título de Patrono do Curso Básico da AMAN.

  • Refinaria Isaac Sabbá (REMAN), em Manaus

Localizada às margens do Rio Negro, em Manaus, e a única na Região Norte do país, a Refinaria Isaac Sabbá iniciou suas operações em 1956, sob o nome de Companhia de Petróleo do Amazonas (COPAM). A inauguração da refinaria, que possui a primeira unidade de craqueamento catalítico de petróleo da América Latina, contou com a presença do presidente Juscelino Kubistchek.

Filantropo conhecido, Isaac Sabbá foi o responsável pela construção do Hospital Militar de Manaus e ajudou na criação e manutenção do Banco do Estado do Amazonas, privatizado em 2002 e comprado pelo Bradesco. Sabbá foi o fundador da empresa IB Sabbá, de exportação, que mais tarde mudou seu nome para IB Sabbá & CIA. Ltda. 

Na época, Sabbá foi nomeado pela revista Times como o “O Rei da Amazônia” e colocou em prática um sistema de financiamento que beneficiava os produtores da região. Depois de analisar a situação das indústrias locais, ele percebeu que não seria possível aumentar a produção de matérias-primas para exportação sem que houvesse um fornecimento local de combustível na região amazônica. 

Em 1971, o Grupo IB Sabbá S.A, em parceria com a Shell, fundou a sociedade Petróleo Sabbá S.A, responsável pelas atividades do departamento de Petróleo do IB Sabbá & Cia. Tendo como principais produtos o GLP, gasolina, querosene de aviação, óleo diesel, entre outros, a REMAN se tornou responsável pelo abastecimento de toda a Região Norte do país, atendendo os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima, com exportações esporádicas para a Colômbia, Peru e Bolívia.

Com a Petrobrás assumindo o controle acionário da COPAM, em 1974, a refinaria foi renomeada como Refinaria de Manaus (REMAN), tendo sido rebatizada (novamente) em 1997, em homenagem a seu fundador, Isaac Sabbá.

  • Refinaria Landulpho Alves (RLAM), na Bahia

Primeira refinaria de petróleo instalada no país pela Petrobrás, a Refinaria Landulpho Alves leva o nome de um dos fervorosos defensores da Lei nº 2.004 – sobre a criação da Petrobrás e instituição do monopólio estatal do petróleo. 

Landulpho Alves integrava o quadro de agrônomos do Ministério da Agricultura, dirigindo a Divisão de Produção Animal do Departamento Nacional de Agricultura, quando  foi nomeado, em 1938, interventor do Estado da Bahia. Seu governo é conhecido pela ênfase e estímulo dado aos setores de agricultura, educação, cultura, saúde e urbanismo baianos.

Landulpho foi o idealizador da Faculdade de Filosofia e Letras da Bahia, doou à Academia de Letras da Bahia a sua sede e incentivou a pesquisa na Faculdade de Direito, através de contribuições financeiras à instituição. Também foi um dos pilares para a construção do Instituto Normal da Bahia e do Grupo Escolar Duque de Caxias, e transferiu a Escola de Agronomia, onde concluiu sua graduação em engenharia agronômica, para a cidade de Cruz das Almas (BA), transformando-a em uma das faculdades mais importantes do país.

Em 1950, Landulpho elegeu-se senador na Bahia, pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Líder da bancada do partido no Senado, Landulpho Alves, em 1952, defendeu o monopólio estatal do petróleo e foi relator da Lei nº 2.004, que criou a Petrobras.

  • Refinaria Potiguar Clara Camarão (RPCC), no Rio Grande do Norte

Localizada em Guamaré (RN), na região da Costa Branca, a Refinaria Potiguar Clara Camarão foi a primeira refinaria do Brasil a receber o nome de uma mulher, em 2009.

Indígena da etnia potiguar, Clara Camarão lutou e liderou um grupo de mulheres contra as invasões holandesas em Pernambuco, em meados do século XVII. Sem registros sobre seu nome real, a indígena passou a se chamar Clara após seu batismo cristão. O sobrenome, veio da união com o também indígena poti, Antônio Felipe Camarão.

Segundo registros, Clara acompanhou o marido em batalhas contra os invasores holandeses, tendo liderado uma tropa feminina que escoltava famílias em busca de refúgio na cidade de Porto Calvo, em Alagoas, região que era palco de conflitos entre holandeses e luso-brasileiros.

Com a informação de que as tropas lideradas por Felipe Camarão haviam sido deslocadas para proteger Salvador, os holandeses tentaram invadir Tejucupapo, região litoral pernambucana. No entanto, os soldados foram surpreendidos pela tropa feminina, comandada por Clara.

O episódio, que ficou conhecido como a Batalha de Tejucupapo, garantiu às guerreiras potiguaras o título de “Heroínas de Tejucupapo”. A bravura dessas mulheres fez com que elas fossem chamadas para participar de um dos maiores confrontos contra os holandeses, a primeira Batalha de Guararapes (1648), onde, mais uma vez, triunfaram. 

Reverenciando a luta feminina contra os invasores, a Batalha de Tejucupapo é encenada todos os anos no povoado de Tejucupapo, município de Goiana (PE). As apresentações, que acontecem há 28 anos, são realizadas pela Associação Grupo Cultural Heroínas de Tejucupapo.

Por sua célebre atuação, Clara ainda recebeu o título de “Dona”, oferecido a membros da alta nobreza e a grandes chefes militares.  Segundo o Dicionário das Mulheres do Brasil, ela também recebeu a comenda de hábito de Cristo, um privilégio estritamente masculino. Em 2017, o nome de Clara Camarão foi incluído no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, eternizado na Praça dos Três Poderes, em Brasília. 

  • Refinaria Presidente Bernardes (RPBC), em São Paulo

Fundador da Escola Superior de Agricultura e Veterinária em sua cidade natal, Viçosa (MG), que viria depois a se tornar a Universidade Federal de Viçosa (UFV), e pioneiro da siderurgia em Minas Gerais, Artur Bernardes ia de acordo com a ideologia nacionalista e saia em defesa dos recursos naturais do Brasil, bem como o petróleo brasileiro e a Amazônia.

Durante a sua gestão na Secretaria de Finanças de Minas Gerais, Bernardes concentrou-se em obter aumento da arrecadação, reorganizando a Recebedoria de Minas Gerais no Rio de Janeiro e assinando um acordo com o estado de São Paulo, destinado a impedir que o café mineiro saísse para o porto de Santos sem pagar impostos. 

Em 1911, inaugurou novas modalidades de concessão de empréstimos a longo prazo para os municípios e, no ano seguinte, criou a Caixa Beneficente dos Funcionários do Estado, que funcionou durante dez anos, até se transformar na Previdência dos Funcionários do Estado. No decorrer de sua gestão, foram ainda ultimados os entendimentos com os banqueiros franceses Perrier, para a instalação do Banco Hipotecário Agrícola, hoje Banco do Estado de Minas Gerais. 

Nos quatro anos de seu governo como Presidente da República, o país viveu em estado de sítio. Grande parte disso se deu por conta da Revolta Paulista ocorrida em 1924, que levou Bernardes a bombardear a cidade de São Paulo, motivado pela oposição e por  ações tenentistas que ocorreram no estado e no Rio Grande do Sul. Ainda sob o seu governo, o Brasil anunciou a sua retirada da Liga das Nações, em 1926.

Quatro anos após deixar a presidência da República, Bernardes participou da Revolução de 1930, que desalojou o Partido Republicano Paulista do governo federal, tendo sido eleito deputado federal no ano seguinte, cargo que não chegou a exercer devido ao golpe do Estado Novo.

Dez anos depois, com o restabelecimento da democracia, ingressou na União Democrática Nacional (UDN), partido político que defendia ideais conservadores e se opunha às políticas e à figura de Getúlio Vargas. Bernardes, então, fundou o Partido Republicano (PR), que dividia seu apoio entre a UDN e o Partido Social Democrático (PSD) que, assim como o PR, foi extinto pela ditadura militar, em 1965, por intermédio do AI-2.

A Refinaria Presidente Bernardes é uma unidade com alta capacidade de conversão, produzindo dezenas de derivados de grande valor de mercado e padrão internacional. Quando foi inaugurada, em 16 de abril de 1955, a refinaria era responsável por 50% do mercado nacional – e teve o mérito de abrir caminho para o surgimento, em São Paulo, do pioneiro polo petroquímico de Cubatão. Hoje, abastece 8% da produção nacional de derivados.

  • Refinaria Presidente Getúlio Vargas (REPAR), no Paraná

Conhecido como “o pai dos pobres”, Getúlio Vargas ocupou o cargo de presidente da República por dezenove anos, período chamado de “Era Vargas” e marcado, ao mesmo tempo, por um regime ditatorial e pela criação de diversos direitos trabalhistas, como o salário mínimo, a carteira de trabalho e as férias anuais remuneradas.

Vargas encabeçou a Revolução de 1930, na qual depôs Washington Luís da presidência da República, rompendo o ciclo de alternância política entre as oligarquias cafeeira e pecuarista. Formou-se, assim, a Junta Militar de Governo, conhecida como Junta Pacificadora, que, entregando o poder a Getúlio, decretou o fim da República Velha.

O presidente, além de criar os Ministérios do Trabalho, da Indústria e Comércio e da Educação e Saúde, conquistou o apoio feminino aprovando, em 1932, o voto das mulheres. Ao mesmo tempo, Vargas suspendeu a constituição de 1891, dissolveu o Congresso Nacional e as Assembleias Legislativas Estaduais, nomeou os tenentes, que haviam participado da Revolução dos 30, interventores dos Estados e proibiu que as polícias estaduais tivessem força militar superior à do Exército.

Com o fim da Segunda Guerra Mundial e a vitória dos Aliados contra as ditaduras, deu-se o fim do Estado Novo. Pressionado pela sociedade, que vivia há quase uma década sob ameaças e tortura, Vargas decretou um “Ato Adicional”, que assegurava eleições diretas e livres em todo o país, concedeu anistia aos presos políticos e legalizou o Partido Comunista do Brasil (PCB). Mais tarde, nesse mesmo ano, Getúlio Vargas foi deposto.

Em 1950, Getúlio Vargas volta à presidência pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), impulsionando uma política nacionalista que passa pela criação de estatais como a Petrobrás.

Embarcações:

  • Navio Suezmax

É um navio petroleiro para o transporte de óleo cru. Sua capacidade de carregamento está na faixa de 140 mil a 175 mil toneladas de porte bruto (TPB). Essa embarcação atende às limitações do Canal de Suez, no Egito: largura de 48 metros e calado de 17 metros. Entre os navios da frota da Transpetro, estão:

  • Navio Dragão do Mar (Chico da Matilde)

Líder jangadeiro, Chico da Matilde teve papel decisivo no movimento abolicionista do Ceará, ao liderar, em 1881, seus companheiros que se recusaram a embarcar no porto de Fortaleza – os escravizados que seriam enviados às províncias do sul. O movimento dos jangadeiros paralisou o mercado escravista do porto da cidade que, a partir de então, foi considerado fechado para o tráfico.

O Ceará seria a primeira província brasileira a abolir a escravidão, em 1884, quatro anos antes da assinatura da Lei Áurea. Na ocasião, Chico da Matilde embarcou com seus companheiros para o Rio de Janeiro, onde participou das comemorações pela abolição no Ceará e, junto com ele, levou embarcada uma de suas jangadas, nomeada Liberdade.

  • Navio João Cândido (Almirante Negro)

Conhecido como “Almirante Negro”, João Cândido foi o marinheiro responsável por liderar a Revolta da Chibata, um motim contra castigos impostos por oficiais brancos da Marinha.

Outras reivindicações do movimento foram o aumento de salário, a redução da jornada de trabalho e a anistia dos revoltosos. A principal conquista da rebelião foi o compromisso do governo da época em acabar com a chibata na Marinha. João Cândido foi expulso da corporação em 1910, sob acusação de ter favorecido os rebeldes. 

Em 2019, 109 anos após sua morte, o “Almirante Negro” foi reconhecido como herói do estado do Rio de Janeiro pela Assembleia Legislativa. O nome de João ocupa, agora, o Livro dos Heróis do Estado, que registra quem contribuiu para a defesa, o progresso ou desenvolvimento do estado ou do país. João também foi homenageado por Aldir Blanc e João Bosco com a música “O Mestre-Sala dos Mares”, canto que se popularizou na voz de Elis Regina.

  • Navio Zumbi dos Palmares

Zumbi dos Palmares foi o último líder do Quilombo dos Palmares, Capitania de Pernambuco, região da serra da Barriga. Hoje, o local é União dos Palmares, localizado no estado do Alagoas.

Ele lutou pela liberdade de culto e religião, bem como pelo fim da escravidão colonial no Brasil. Era admirado por suas habilidades como guerreiro e conhecimentos estratégicos, não admitia a dominação dos brancos sobre os negros etornou-se o maior símbolo pela liberdade dos negros da história brasileira.

Em 1695, no dia 20 de Novembro, Zumbi foi delatado por um de seus capitães, o que levou-o à sua morte. Após sua derrota, o capitão Furtado de Mendonça, responsável pelo assassinato do líder quilombola, foi premiado pelo monarca Dom Pedro ll. A cabeça de Palmares foi cortada e exposta em praça pública, de modo a acabar com o mito de sua imortalidade.. 

A data de sua morte, 20 de novembro, foi adotada como o Dia da Consciência Negra.

  • Navio de Produtos

Esse tipo de navio petroleiro transporta produtos derivados de petróleo, como diesel, nafta, gasolina, óleo combustível e querosene de aviação. É destinado, prioritariamente, à navegação de cabotagem. 

Entre os navios da frota de Produtos, estão: 

  • Navio Celso Furtado

Economista consagrado, nascido na cidade de Pombal (PB), Celso Furtado foi o único brasileiro indicado ao Prêmio Nobel de Economia, em 2013, com uma obra contemporânea acerca das contradições do capitalismo.

Furtado foi diretor do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE), responsável pela criação da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), e participou da transição democrática e da estruturação do Ministério da Cultura.

Com o golpe militar de 1964, teve seus direitos políticos cassados, dedicando-se então à pesquisa e ao ensino da Economia do Desenvolvimento e da Economia da América Latina em diversas universidades estrangeiras, como as universidades Harvard e Colúmbia, nos EUA, Cambridge, na Inglaterra, e Sorbonne, na França, onde assumiu a cátedra de professor efetivo a convite da Faculdade de Direito e Ciências Econômicas da Universidade de Paris. 

Eleito para a Academia Brasileira de Letras em 1997, foi inaugurado, em 2004, após o seu falecimento, o Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento, proposta encabeçada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

  • Navio Sérgio Buarque de Holanda

Sérgio Buarque de Holanda foi um historiador, crítico literário, jornalista, professor, e dedicou sua vida ao trabalho acadêmico. Foi catedrático da Universidade de São Paulo (USP), até 1969, quando se aposentou em protesto contra a cassação de professores da USP, entre eles, o sociólogo e ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Em 1936, Buarque publicou seu primeiro livro, “Raízes do Brasil”. A obra, que revisa a história do Brasil e destaca as mazelas da vida social e política do país, é considerada uma das mais importantes da historiografia e da sociologia brasileira.

*Estagiária sob supervisão de Andreza de Oliveira

 

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